Evento dá destaque à diversidade da arquitetura nacional

São Paulo (AE) – Para ser atrativa e didática, 6 ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (Bia) não é feita de desenhos técnicos que muitas vezes só interessam ao público especializado. Para a exposição geral dos brasileiros, os curadores Gilberto Belleza e Pedro Cury exigiram que os profissionais apresentassem seus projetos por meio de maquetes – e alguns até mesmo foram além do pedido e criaram protótipos. No sentido de explorar o apelo visual, muitos dos arquitetos (tanto nacionais como internacionais) fazem uso de fotografias (muitas em grandes dimensões), painéis eletrônicos e projeções de vídeos – cada um dos expositores teve o privilégio de criar seus espaços livremente, independentemente do projeto expográfico da mostra, assinado por Pedro Mendes da Rocha, filho de um dos grandes nomes da arquitetura nacional, Paulo Mendes da Rocha.

No segundo e primeiro pisos do prédio da Fundação Bienal de São Paulo fica concentrada a participação brasileira na exposição. "Dos convidados nacionais prevalecem sim os arquitetos de São Paulo, mas a idéia central era a diversidade. Há gente de todo o Brasil, de várias regiões, e em alguns trabalhos podemos perceber até mesmo a relação próxima com a terra de cada um", diz Gilberto Belleza. Além dos convidados, participam também estudantes de 70 escolas. Eles criaram trabalhos a partir do tema desta edição da Bienal, ou seja, o desafio de viver na cidade.

Nesta 6ª Bia os grandes homenageados brasileiros são Carlos Barjas Millan (1927-1964), Eduardo Kneese de Melo (1906-1994), Oswaldo Correa Gonçalves, que morreu há pouco, em 28 de agosto, e Ícaro de Castro Mello (1913-1986).

Carlos Millan, um dos nomes da arquitetura moderna paulista, foi professor nas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie (onde se formou, em 1951) e da Universidade de São Paulo. A exposição com obras e desenhos de Millan, que morreu precocemente, foi concebida pela professora-doutora da USP Mônica Junqueira de Carvalho. De sua obra discreta, como define a professora Mônica Junqueira, vale citar a residência Fujiwara, de 1954, em São Paulo, detalhada em várias pranchas de desenhos.

Já Eduardo Kneese de Melo foi o primeiro presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo, entre 1943 e 1949. Na equipe de Oscar Niemeyer, ao lado de outros profissionais como Ulhoa Cavalcanti e Zenon Lotufo, Kneese de Melo participou do projeto do Parque do Ibirapuera, inaugurado em 1954. Trabalhou também na construção de Brasília. Outro homenageado da 6ª Bia, Ícaro de Castro Melo, também integrou com Kneese a equipe de Niemeyer para a construção do Parque do Ibirapuera. São dele o ginásio do Ibirapuera, obra de 1952, e o estádio Mané Garrincha, de Brasília, de 1972 – Ícaro se dedicou a centros de convivência e espaços esportivos em sua trajetória. E, por fim, de Oswaldo Correa Gonçalves, um dos coordenadores da 1ª Bienal Internacional de Arquitetura, em 1973 – sim, o evento não tem periodicidade estável -, destacam-se os projetos para sedes do Sesc/Senac na capital paulista.

Já a lista de convidados é extensa. De São Paulo estão Eduardo de Almeida, João Carlos Cauduro e Ludovico Martino, Carlos Bratke, Benno Perelmutter e Marciel Peinado, Rosa Kliass, Décio Tozzi, Hector Vigliecca, Siegbert Zanettini e Joan Villà. Além deles participam Eduardo Índio da Costa, do Rio; Joel Campolina, de Minas Gerais; Campelo Costa, Nelson Serra e Neves e Aída Montenegro, do Ceará; Luiz Forte Neto, do Paraná; Vital Pessoa de Melo e Acácio Gil Borsoi, de Pernambuco; e Mário Aloisio, de Alagoas. "Há desde projetos sociais até alguns riquíssimos, de grande porte", diz o curador Gilberto Belleza sobre a heterogeneidade dos trabalhos dos arquitetos.

Nesse sentido, um dos projetos sociais apresentados é o Cor em Heliópolis, de Ruy Ohtake, para a favela de Heliópolis, em São Paulo. "É um trabalho de melhoria, para mostrar que arquitetura não é somente para a elite", diz o outro curador da 6.ª Bia, Pedro Cury. Como diz o título, o projeto consistiu em pintar as fachadas de 278 casas da favela durante dez meses.

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