O Ministério da Educação descobriu que 30 mil estudantes que receberam bolsas do programa Universidade para Todos (ProUni) nos últimos dois anos deixaram a universidade. A evasão no programa, calculada pela primeira vez este ano, alcança 15% e é praticamente igual a das universidades públicas, que alcança 30% em quatro anos.
A partir deste ano, as instituições que participam do programa passaram a ser obrigadas a informar o que acontece com cada um dos seus alunos, inclusive quem deixou o curso e porquê. As razões ainda estão sendo compiladas pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) e o ministério pretende analisá-las para saber o que pesa mais nessa evasão.
Uma das hipóteses levantadas pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, é que a evasão seja maior em cursos de ensino a distância, justamente por conta do tipo de estrutura do curso. "É uma das causas a serem investigadas. Talvez o ProUni não seja adequado para ensino a distância por conta da necessidade de um computador conectado a internet", explicou. "Por conta de ser um aluno de renda mais baixa, talvez ele tenha dificuldade em ter esse tipo de acesso".
Se a hipótese se confirmar, o ministério poderá excluir esse tipo de ensino do ProUni. Apesar de ser uma parte minoritária das vagas oferecidas pelo programa, o ensino a distância permite o acesso de estudantes que moram no interior do País. "Mas por enquanto ainda é uma suposição", disse o ministro.
Outras hipóteses
Haddad explica que, como o percentual de evasão do ProUni é muito semelhante ao das Federais, é provável que algumas das razões sejam as mesmas: abandono por conta de dificuldades para trocar de curso ou de turno, dificuldades com estruturas dos departamentos, decepção com o curso. "Se fosse o dobro, seria mais preocupante. Aí teríamos que, talvez, pensar em algum tipo de auxílio", afirmou.
As inscrições para a seleção do ProUni de 2007 foram abertas hoje e já há mais de 7 mil inscritos. Durante boa parte do dia o site do MEC na Internet ficou fora do ar, congestionado por conta do excesso de acessos. Foram abertas, para o ano que vem, 108.025 bolsas, sendo 64.719 bolsas integrais e 43.306, parciais (50% do valor da mensalidade). A expectativa do ministério é que o número de inscritos seja semelhante ao do ano passado, que alcançou 797 mil candidatos, apesar de ter crescido o número de pessoas que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano. É que, este ano, não será possível a quem tem média inferior a 45 pontos no exame sequer se inscrever no ProUni.
Em anos anteriores, a média para o estudante ser considerado para uma vaga já era 45. No entanto, o sistema permitia a inscrição de quem tivesse média abaixo disso, eliminando o candidato depois. Com a nova regra, o número de candidatos não deve aumentar tanto. Este ano, o número de vagas é 18% maior do que no ano passado. O número de instituições que participarão do ProUni também cresceu, de 1.232 para 1.424. As áreas com maior número de bolsas são ciências sociais, negócios e direito, com 52.952 vagas.