Europeus sabiam de prisões da CIA, mostra relatório

Um relatório divulgado hoje pelo Parlamento Europeu acusa Grã-Bretanha, Polônia, Itália, Alemanha e sete outros países da União Européia (UE) de terem conhecimento de que a CIA mantinha prisões secretas na Europa. O relatório parcial, escrito depois de meses de investigação de uma comissão especial, também acusou altas autoridades da UE, incluindo o chefe da política externa Javier Solana, de não terem emitido informações sobre as supostas prisões secretas organizadas pelos Estados Unidos e a captura secreta de supostos terroristas em toda a União Européia.

O relatório parcial, apresentado ao comitê especial da assembléia da UE investigando supostos seqüestros e prisões da CIA na Europa, pediu a autoridades nacionais para lançarem investigações em separado para saberem se violaram leis de direitos humanos da UE. O relatório critica o coordenador antiterrorismo da UE, Gijs de Vries, e Solana por "omissões e contradições" durante seus testemunhos ao comitê.

O comitê afirma ter conseguido informação para apoiar suas denúncias em documentos secretos e de várias fontes nos Estados Unidos e de autoridades nacionais do bloco de 25 nações. "Pelo menos 1.245 vôos operados pela CIA sobrevoaram o espaço aéreo europeu ou pararam em aeroportos europeus", diz o relatório. Onze nações da UE – Grã-Bretanha, Polônia, Itália, Alemanha, Suécia, Áustria, Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e Chipre – tinham conhecimento das supostas medidas secretas antiterror dos EUA sendo implementadas na Europa.

O comitê obteve "séria evidência circunstancial" mostrando que a Polônia pode ter abrigado um centro de detenção temporário secreto para a CIA. O relatório também critica a maioria dos 25 governos da UE pela falta de cooperação com a investigação, lançada em janeiro e que deve se estender até janeiro de 2007. O relatório parcial será votado pelo comitê especial depois do recesso de Natal da assembléia da UE.

Denúncias

Denúncias de que agentes da CIA transitaram com prisioneiros por aeroportos europeus até centros secretos de detenção, principalmente na Europa Oriental, surgiram pela primeira vez em novembro de 2005. O grupo Human Rights Watch identificou posteriormente a Polônia e Romênia como prováveis localização das prisões secretas, mas os dois países negam repetidamente qualquer envolvimento.

Um investigador do Conselho da Europa, um destacado grupo de direitos humanos, disse que evidências apontavam para a possibilidade de aviões ligados à CIA transportando suspeitos de terrorismo terem parado na Romênia e Polônia e deixado detidos nesses países. Em setembro, o presidente dos EUA, George W. Bush admitiu pela primeira vez que suspeitos de terrorismo estavam sendo mantido em prisões controladas pela CIA no exterior, mas não especificou suas localizações.

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