Europeus escolhem Paranaguá para escoar soja convencional

A soja pura produzida no Paraná – que deverá ser adquirida por empresários, cooperativistas e sindicalistas europeus – terá o Porto de Paranaguá como um ponto exclusivo de embarque. Nesta quarta-feira (19), a comitiva formada por representantes da França, Itália, Espanha e da Grécia foi recebida pelo superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião.

A visita ao Porto fez parte da programação técnica realizada nesta semana, quando os europeus ? produtores de leite e carne ? puderam conhecer toda a cadeia produtiva da soja convencional do Paraná e mantiveram entendimento com o governador Roberto Requião e entidades de classe.

Para Eduardo Requião, ao encerrarem a visita ao Paraná, no Porto de Paranaguá, os europeus conheceram o ciclo da produção ecológica e economicamente responsável. ?O governo procura valorizar, através da proibição de embarques de soja transgênica, o agricultor que planta a soja de modo tradicional, sem ter que pagar royalties à multinacionais habituadas e semear aqui o que países tidos como mais desenvolvidos rejeitam?, destacou.

Um exemplo, acrescentou, foi o nefasto resultado que produtores gaúchos tiveram, na safra de soja deste ano pois, mesmo com a significativa quebra na produção, foram obrigados a pagar royalties à Monsanto, detentora da patente da semente de soja geneticamente modificada.

O organizador da comitiva no Brasil, Bertrand Dupont, explicou que o objetivo da visita é mostrar a realidade da transgenia no país. ?A tendência na Europa é eliminar totalmente a soja transgênica tanto para consumo humano, quanto para alimentação animal?, salientou Dupont.

A chefe da Delegação que visita o Paraná, Pascale Loget, vice-presidente do Conselho Regional da Bretanha (França) disse que os consumidores europeus não valorizam os produtos transgênicos, mas sim aqueles de boa qualidade e procedência. ?Os produtores e os consumidores da Europa não querem soja transgênica. O Porto de Paranaguá é estratégico, principalmente porque adota essa postura contra os transgênicos. Na França, por exemplo, há um controle rígido em relação aos produtos geneticamente modificados?, destacou Loget.

Mercado

Esta é a segunda vez que Pascale Loget esteve em Paranaguá para observar as medidas adotadas pelo Porto para coibir a exportação da soja transgênica, uma posição que, segundo ela, tem o apoio das 35 regiões européias representadas pela comitiva. ?Na Europa, existe mercado para a soja pura produzida no Paraná. Os europeus não querem produtos transgênicos nem mesmo para alimentação animal?, disse.

O consultor científico e pesquisador da área de economia agrícola, o grego Asterios Tsioumanis, integrante da comitiva, disse que a situação no mundo pode mudar positivamente a partir da proibição aos transgênicos. ?Aprovamos esta proibição existente no Paraná. A transgenia causa problemas sócio-ambientais. São espécies de plantas mal formadas, em virtude de modificações nas sementes, que podem se espalhar no meio ambiente e prejudicar o ecossistema. O pagamento de royalties e o monopólio das grandes empresas são outros dois fatores problemáticos?, declarou Tsioumanis.

A comitiva que esteve em Paranaguá representa uma demanda de consumo equivalente a 20 mil de toneladas de soja. A possibilidade de novos negócios serem firmados a partir da visita dos produtores ao Paraná tem, ainda, por base as condições oferecidas aos produtores de soja no Estado. ?A aquisição do grão deve estar atrelada às condições de rastreabilidade e de pagamentos justos aos produtores. Visamos acordos a médio e longo prazos que contemplem uma boa remuneração aos agricultores que não plantam soja transgênica?, considerou Pascale Loget.

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