A Comissão Européia propôs nesta quarta-feira (7) em Bruxelas que os fabricantes de veículos reduzam em até 18% as emissões de dióxido de carbono dos carros novos vendidos no bloco até 2012. De acordo com a comissão – órgão executivo da União Européia (UE) -, é necessário adotar medidas rigorosas para combater o aquecimento global antes que a situação se deteriore ainda mais.
O plano, que enfrenta forte oposição da indústria automobilística, prevê a determinação de um limite mais baixo de emissão de poluentes – 130 gramas de dióxido de carbono por quilômetro – para novos carros comercializados dentro da UE até 2012. Autoridades européias admitem que a medida provavelmente acarretará um aumento no preço dos carros para o consumidor final.
O comissário de indústria da UE, Günter Verheugen, sugeriu aos governos europeus que ofereçam subsídios e abatimento de impostos às pessoas que comprarem carros menos nocivos ao ambiente. "Temos de ser claros quanto a isso. Trata-se de algo que aumentará consideravelmente o custo de fabricação de um carro", admitiu. Segundo ele, porém, os custos adicionais "serão equilibrados pelo fato de esses carros consumirem o combustível de forma mais eficaz".
O plano da Comissão Européia também prevê o incentivo ao uso de biocombustíveis e de fontes fósseis mais limpas, o que eleva a meta de redução da emissão de poluentes a 25%, bem abaixo do limite de 130 gramas de gás carbônico, disse Stavros Dimas, comissário de ambiente da UE. "Se demorarmos para tomar uma atitude, o custo será ainda mais elevado", sentenciou.
Dimas mencionou o relatório ambiental divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na última sexta-feira em Paris segundo o qual o aquecimento global é tão grave que seus efeitos continuarão sendo sentidos ao longo dos próximos séculos. "Para vencer a batalha contra mudanças climáticas perigosas, precisaremos reduzir substancialmente as emissões de gases causadores do efeito estuda. Todos os setores da economia devem participar e o transporte é um dos mais importantes", salientou.
Apesar das queixas da indústria automobilística, autoridades européias destacaram que as novas regras, se forem devidamente apoiadas pelos governos que integram a UE, manterão a viabilidade do setor em um momento no qual aumentam as importações de carros mais baratos produzidos por fabricantes asiáticos. Segundo os fabricantes de veículos, até agora os consumidores europeus demonstraram pouco interesse por carros com motores menores e menos poluentes.
Ainda de acordo com eles, haveria meios mais eficazes de reduzir emissões produzidas por veículos do que a introdução de uma tecnologia nova e cara. Eles citam como exemplo a redução de congestionamentos de trânsito e a mudança de comportamento dos motoristas. O setor dos transportes foi responsável por 28% das emissões de dióxido de carbono produzidas pela União Européia em 2004.