Euforia de curta duração

Passou depressa a auto-suficiência um tanto arrogante de algumas autoridades econômicas do País quanto ao excelente desempenho nacional no setor. Num evento recente para anunciar medidas governamentais com o escopo de evitar o aprofundamento da desvalorização do dólar norte-americano, como se o fenômeno estivesse circunscrito ao território brasileiro, a exegese praticada pelo ministro Guido Mantega classificou a instabilidade econômica dos Estados Unidos como uma espécie de ?derretimento? da citada moeda mundial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, sem perder o viés da farta exaltação das conquistas econômicas creditadas à sua equipe, escamoteando a verdade cristalina de que nenhum avanço teria sido possível sem a retomada do ritmo de atividades dos setores operantes que de fato movem a economia, gabou-se do grandioso apoio que seu governo forneceu aos pobres. Pelos quais os governantes e políticos anteriores à sua chegada ao Palácio do Planalto, somente transformavam em objeto de elucubrações um pouco antes da realização das eleições.

Como dizíamos, a euforia do governo também entrou num processo fulminante de derretimento, e a prova insofismável está nas declarações do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, divulgadas ontem pelos meios de comunicação. E para que ninguém alimente controvérsias sobre o pensamento dominante no BC, estão elas consignadas na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na qual se trata da iminência do aumento da taxa Selic para arrefecer o impacto do aquecimento da demanda sobre os preços dos produtos nos pontos de comércio.

Diante disso, a conclusão parece óbvia. O governo soltou rojões para festejar a extraordinária performance da equipe econômica, esbanjando elogios em boca própria, para num átimo deparar-se com a frieza das declarações de Henrique Meirelles sobre a volatilidade perigosa dessas convicções.

A advertência de Meirelles faz sentido ao esclarecer que o discurso sobranceiro do governo pode se esfumar mais uma vez, sobretudo se os consumidores forem estimulados a sair às compras, movidos pelo hábito da gastança. 

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