Etanol no cento das atenções

Quando se imaginava um encontro tenso pelos piores motivos a verborragia de Hugo Chávez, as truculências de Rafael Correa e Evo Morales, algumas respostas atravessadas de Angela Merkel e José Luiz Zapatero, e as tentativas desesperadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em manter a ordem, eis que começa a cúpula dos líderes latino-americanos e europeus em bom nível. Surgiu, então, novo protagonista. Novo, mas nem tanto, pois o etanol é destaque nas conversas diplomáticas dos últimos anos.

O Brasil tem papel preponderante na discussão, e ao mesmo tempo minoritário. Preponderante pois o País tem a maior produção de álcool combustível do planeta, e detém a melhor tecnologia para incluí-lo definitivamente entre as principais matrizes energéticas. Mas minoritário porque enfrenta a oposição de vários setores e países.

Viramos inimigos das grandes empresas petroleiras que não têm filiais no Brasil (por sinal, a Esso está se mandando do País).

O etanol é, enfim, a grande ameaça para os derivados do petróleo, com o diferencial de não agredir o meio ambiente. Com as empresas (e seus lobbys), estão muitos países, os grandes produtores de petróleo, que não aceitam que surja uma nova matriz energética e acusam o governo Lula de preterir a produção de alimentos em nome do álcool combustível. Para completar, ainda há a pressão dos Estados Unidos, que quer tomar mercado brasileiro com o álcool de milho.

Nossos diplomatas e o próprio presidente precisam ter jogo de cintura nas conversas, e precisam de resultados. Primeiro, os resultados agrícolas, mostrando que não há queda na produção de alimentos nem substituição de soja, trigo e milho nas lavouras por cana de açúcar.

E precisa de resultados nas negociações, atraindo bons parceiros para o crescimento do mercado do etanol.

Esses parceiros são os países europeus, principalmente França e Alemanha, onde o discurso ecológico tem força. É para ganhar espaço nestes terrenos que servem, mais que nunca, cúpulas como a de Lima. E não para afinar discursos com os populistas latinos, que não estão nada preocupados com o desenvolvimento a não ser o dos próprios cargos. 

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