Estudo revela que erros genéticos são causa de 10% dos casos de câncer de mama

Cerca de 10% dos casos de câncer de mama são conseqüência de erros genéticos, transmitidos de pais para filhos. A informação faz parte de um estudo desenvolvido pelo médico Roberto Vieira, chefe do Serviço de Mastologia do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para o mastologista, a descoberta vai permitir alertar pessoas que fazem parte de famílias consideradas de risco. O médico define "famílias de risco" como aquelas em que já houve casos de câncer de mama em pelo menos três gerações, em mulheres com menos de 35 anos, em homens ou a associação da doença com o câncer de ovário.

"Essas mulheres já nascem com um erro genético que aumenta em 80% sua predisposição a desenvolver a doença, antes de completarem 80 anos de idade", disse o autor da pesquisa. O mastologista da Fiocruz explicou, também, que as mulheres que herdam essa carga genética podem optar por medidas capazes de impedir o aparecimento do câncer de mama. Uma delas, seria a retirada do tecido mamário para substituí-lo por prótese. Outra opção seria a retirada dos ovários, depois de terem filhos, o que reduz a ação do hormônio estrogênio, responsável pelo desenvolvimento da doença.

O câncer de mama já é considerado o tipo mais freqüente entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, a cada hora seis mulheres descobrem que são portadoras da doença. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que toda mulher deve fazer o exame da mamografia anualmente, a partir dos 40 anos de idade. De acordo com o mastologista Roberto Vieira, como não há métodos de prevenção, quanto mais cedo a doença for detectada, maiores são as chances do tratamento ter sucesso.

Os indicadores mostram, no entanto, que 25% dos casos da doença são diagnosticados em mulheres antes de completar esta idade. "Em famílias de risco há uma grande incidência da doença em mulheres jovens. Nesses casos, o ideal é iniciar o exame pelo menos dez anos antes da idade em que foi detectado o último caso na família", alerta Vieira. Ele destaca que o câncer de mama leva dez anos para se desenvolver.

O médico baseou a pesquisa em estudo genético de 15 pessoas de uma família com histórico de casos de câncer de mama, próstata, intestino, estômago e melanoma (tipo de câncer de pele). Essas pessoas estão sendo acompanhadas desde 1995, no Laboratório de Biologia Molecular Aplicada do IFF. "Em dez anos de pesquisa, nove pessoas apresentaram resultado positivo, através de análise laboratorial, para a mutação genética. Entre elas, cinco desenvolveram algum tipo de câncer", destaca o mastologista.

O estudo foi publicado na revista Bulletin du Cancer, da Sociedade Francesa de Câncer. No Brasil, a pesquisa será divulgada na próxima edição da Revista Brasileira de Cancerologia, do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

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