Estudo do BNDES mostra alta do comércio na América Latina

Rio – As exportações dos países latino-americanos para a própria região cresceram 28% ano passado, bem acima do que as vendas para o resto do mundo (16%) e até para a China (24 1%). Os dados fazem parte da Sinopse Internacional que o Banco Nacional de Desenvolvimento Internacional (BNDES) divulgará amanhã (22). O estudo conclui que o motivo do avanço das exportações chinesas não se resume à mão-de-obra barata, mas decorre de política de desenvolvimento.

A economista da área de comércio exterior do banco Patrícia Zendron afirma que o crescimento da economia na América Latina, estimado em 4,3% ano passado, embora menor que os 5,9% de 2004, ainda assim é expressivo. Quando a economia cresce aumenta a demanda por produtos. O maior avanço das exportações dos latino-americanos foi de 39,7% para a Comunidade Andina (CAN), formada por Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Colômbia.

Patrícia explica que os últimos dados disponíveis para o comércio exterior na região são para o período de janeiro a setembro e que a tendência para o ano não deverá mudar. A fonte das estatísticas é a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). Segundo a Aladi, as exportações dos países latinos cresceu 17,9% nos primeiros nove meses de 2005. A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) projeta crescimento de 18% para o ano todo.

"Em grandes linhas, este deverá ser o comportamento para o ano", afirma Patrícia. Enquanto houve forte crescimento das vendas para a região do CAN, as vendas da região para o Mercosul avançaram apenas 22,4%. Já as vendas dos países da região para o Brasil registraram crescimento de 31,8%. As maiores expansões das exportações provenientes da América Latina foram para o Peru (52,3%), Equador (49,1%), Colômbia (33,3%) e México (42,2%).

China 

A sinopse também analisa a franca expansão da China no comércio exterior. A economista do BNDES Ana Cláudia Além, coordenadora da sinopse, explica que o avanço do país asiático não se reduz à abundante oferta de mão-de-obra barata. Ela explica que o país contou com uma estratégia detalhada para se transformar em potência econômica, incluindo uma forte política industrial. "Aí é que está o pulo do gato", diz ela.

O dados da sinopse mostram que a China respondia por 2% das exportações mundiais em 1960, fatia que regrediu a 1% na década de 90 e avançou rapidamente a 6%, no início da década atual. Enquanto o peso médio das exportações dos países no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 15% a 25% nos últimos 30 anos, na China saiu praticamente do zero a 30% no período.

No caso brasileiro, ela explica que o desempenho externo tem sido "indiscutível", mas comenta que o caso chinês indica que é possível avançar mais em muitos segmentos de tecnologia. "Podemos tirar lições positivas para melhorar ainda mais", afirma ela, citando, ainda, que se o câmbio ficar melhor do que os níveis atuais representará um empurrão a mais para as exportações.

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