Estudo aponta que política britânica antidrogas fracassou

A política antidrogas da Grã-Bretanha fracassou e deveria ser substituída por um sistema que reconheça que bebidas alcoólicas e o tabaco podem ser mais prejudiciais do que algumas drogas ilegais, segundo um estudo independente publicado hoje. Concentrar a educação sobre drogas nos estudantes do ensino básico, ao invés de nos secundaristas como ocorre hoje, e o estabelecimento de "shooting galleries" – locais onde viciados podem usar sob supervisão drogas injetáveis – são algumas das recomendações contidas no estudo que consumiu dois anos para ser concluído sobre a política antidrogas e soluções alternativas do Royal Society for the Encouragement of Arts, Manufactures and Commerce, ou RSA.

"São necessárias novas leis que reconheçam que, gostemos ou não, drogas são e continuarão sendo uma realidade da vida", destacou o estudo. "Portanto, o objetivo da lei deveria ser reduzir o nível de malefício causado aos indivíduos, a seus amigos e famílias, a seus filhos e comunidades". A comissão, formada por acadêmicos, políticos, assistentes sociais ligados às drogas, jornalistas e um alto oficial da polícia, afirmou que as leis atuais foram "motivadas pelo pânico moral", desperdiçando grandes quantidades de dinheiro em tentativas fúteis de conter o consumo, ao invés de perseguir redes criminosas por trás do tráfico de drogas.

O relatório, que visa influenciar uma revisão da estratégia antidrogas do governo prevista para o ano que vem, também pede que sentenças de prisão sejam dadas apenas para os crimes mais sérios relacionados às drogas e que sejam dados aos viciados empregos e moradia como parte do tratamento. Ele recomenda que o atual sistema de classificação de drogas seja substituído por um "índice de malefícios".

"A evidência sugere que a maioria das pessoas que usam drogas é capaz de usá-la sem prejudicar a si mesmas ou a outras pessoas", disse o presidente do painel, professor Anthony King, da Essex University. O relatório pede que o vício passe a ser visto como um problema de saúde e social, e não mais como a "preconceituosa justiça criminal" o vê, simplesmente como causa de crimes. Um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres afirmou que a força concorda com o proposto tratamento da questão das drogas contido no relatório.

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