Estudantes vão às ruas pedir passe livre e protestar contra tarifas de ônibus

Mais de 150 mil estudantes devem ir às ruas hoje pedir passe livre e protestar contra o aumento das tarifas de ônibus. As manifestações ocorrerão em 50 cidades. Eles alegam que o preço das passagens é um dos principais motivos da evasão escolar. "A gente vê isso no dia-a-dia, muita gente sair ou ameaçar sair da escola por causa da falta de dinheiro. Há dados que dizem que 40% da evasão escolar nas cidades de Curitiba e Belo Horizonte são por conta da falta de dinheiro para chegar à escola", afirma o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Thiago Franco.

Belo Horizonte e Curitiba são as duas únicas capitais brasileiras onde os estudantes não têm nenhum tipo de desconto nas passagens. Em Cuiabá e Rio de Janeiro, os estudantes uniformizados já têm passe livre. Em Brasília, pagam um terço da passagem e nas demais capitais, metade do preço.

Todos os anos, 6,8% dos estudantes do ensino fundamental e 7,7% do ensino médio deixam de estudar, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação. Segundo assessoria, o MEC ainda não tem uma pesquisa que revele as causas da evasão escolar.

Warley de Souza tem 16 anos e cursa a 8ª série de um colégio público do município de Contagem, em Minas Gerais. Por dia são necessários R$ 3,70 para chegar à escola. No caso de Warley, a passagem de ônibus se tornou um obstáculo para conseguir estudar. "Fica difícil ir todos os dias da semana, às vezes consigo uma bicicleta emprestada ou vou a pé", conta.

Os estudantes querem que o problema de transporte seja visto também como uma política pública de educação. "Entendemos que esse é um problema educacional, porque é estudante que está fora da sala de aula, e de informação como um todo, porque não há dinheiro para ir a um museu ou biblioteca", explica Thiago Franco.

A questão do transporte hoje é uma atribuição da Secretaria Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. Pelo artigo 30 da Constituição Federal, as decisões sobre transporte cabem aos municípios, já que o regime de concessão ou permissão desse tipo de serviço deve ser municipal. No entanto, o artigo 22 diz que compete "privativamente à União legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes", pedida pelos estudantes. "A gente não vê uma política nacional de transporte estudantil. Estamos abrindo diálogo com o governo para que ele, pelo menos, dê linhas gerais para os estados e municípios legislarem sobre o assunto", afirma o presidente da Ubes.

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