Estados Unidos desenvolvem nova geração de ogivas nucleares

O governo americano anunciou nesta sexta-feira (2) um contrato para desenvolver uma nova geração de ogivas nucleares, adotando o primeiro passo para a construção da primeira arma atômica desde o fim da Guerra Fria, duas décadas atrás. O Departamento de Defesa e o de Energia selecionaram um projeto desenvolvido pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, informaram fontes nesta sexta-feira, antecipando o anúncio oficial.

Equipes de cientistas na Califórnia e no Novo México vinham trabalhando desde o ano passado para desenvolver uma nova bomba de hidrogênio, usando os mais poderosos supercomputadores do mundo. A bomba substituirá antigas ogivas que atualmente estão instaladas em mísseis a bordo de submarinos Trident e eventualmente ogivas do arsenal de mísseis da Força Aérea.

A decisão de desenvolver novas ogivas, que substituirão o atual arsenal que tem cerca de 40 anos, tem sido criticada por enviar um sinal contraditório ao mundo ao mesmo tempo em que os Estados Unidos estão tentando impedir o Irã e a Coréia do Norte de desenvolver armas nucleares. Mas funcionários do Pentágono e do Departamento de Energia argumentam que as novas ogivas não ampliarão seu arsenal nuclear. Eles asseguram que o novo projeto tornará as armas mais seguras e confiáveis sem a necessidade de testes subterrâneos. Os críticos dizem que os atuais arsenais confiáveis e podem ser mantidos em segurança por décadas.

Na ocasião em que os EUA anunciaram sua intenção de modernizar suas ogivas, a Rússia também disse que usaria seu direito para fazer a mesma coisa com seu arsenal. Sob o acordo Salt II (Strategic Offensive Arms Talk), assinado pelos EUA e a Rússia em 1979, os dois países se comprometeram a manter congelado o número de suas armas nucleares, o que não os impede de modernizar seus arsenais.

O programa marcará a primeira vez que os militares desenvolverão uma arma nuclear sem testes subterrâneos. A última vez que os cientistas testaram uma bomba de hidrogênio foi em 1991 no deserto de Nevada. O presidente Bill Clinton ordenou uma moratória nos testes, uma decisão mantida pelo presidente George W. Bush.

Especialistas dizem que o Conselho de Armas Nucleares escolheu o projeto mais conservador da Livermore, já que o principal motivo para construir uma nova bomba é manter a confiança no poder de dissuasão do país. Os detalhes sobre a nova bomba são secretos, mas o projeto da Livermore utiliza mais componentes que já foram testados, mas não produzidos, para uma bomba para Marinha duas décadas atrás. O Laboratório de Los Alamos, no Novo México, apresentou um projeto que envolvia um componente termonuclear e um gatilho atômico que haviam sido testados apenas separadamente.

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