Esquerda do PT decide amanhã se lança candidato contra Genoino

A esquerda do PT deve decidir amanhã (9) se lança candidatura única para a
disputa do processo de eleição direta, por meio do qual serão escolhidos os
novos presidentes do partido. Pelo menos 13 correntes, entre elas a Democracia
Socialista e a Articulação de Esquerda, vão participar de reunião na sede do PT,
em São Paulo. Unida ou não, a ala radical, que prega mudanças na política
econômica do governo, vai enfrentar José Genoino, do Campo Majoritário (60% das
cadeiras do diretório nacional), e Maria do Rosário, do Movimento PT – tendência
de centro (10% das cadeiras), da qual faz parte Arlindo Chinaglia, líder do
governo na Câmara.

"A possibilidade de haver chapa única das esquerdas é
praticamente nula", diz um integrante da Articulação, que sexta-feira
oficializou a candidatura de Valter Pomar, terceiro vice-presidente nacional do
PT. "A hipótese é remota", admitiu Raul Pont, escolhido pela Democracia para o
embate com Genoino e Rosário, que será realizado em setembro.

Pacto – Um
terceiro candidato da esquerda à presidência do PT, Plínio de Arruda Sampaio,
será lançado esta semana pela Ação Popular Socialista, do deputado Ivan Valente
(SP), com apoio das correntes Fórum Socialista e Trabalho. Os radicais fizeram
pacto de não agressão. Eles reconhecem que a desunião das tendências se dá mais
por necessidade de auto-afirmação do que por causa de divergências pragmáticas.
Muitas correntes têm perdido militantes desde a posse do presidente Lula, em
janeiro de 2003.

Na reunião de amanhã, cada tendência vai apresentar seu
nome e apreciar a proposta de chapa única. "Isso (candidatura única) é pouco
provável", avalia Pomar. "Teoricamente essa posição pode ser alterada, mas é
difícil que isso ocorra." Para o candidato da Articulação, o fato de haver
muitas candidaturas não fragiliza a esquerda. "Do ponto de vista eleitoral isso
não neutraliza (os radicais), interessa que haja mais candidaturas na medida em
que expressam opiniões distintas."

"As três candidaturas atraem ao
processo de eleição número de filiados maior do que se houvesse uma", calcula
Pomar. A meta é neutralizar o maior rival. Pomar considera que Rosário "tende a
atrair votos do Genoino e isso aumenta as chances de um segundo turno, reduzindo
a força do Campo Majoritário."

Na "Carta aos Petistas", a direção
nacional da Articulação de Esquerda São Paulo destaca que a mídia terá
influência no processo. "Da mesma forma que a mídia pode tentar folclorizar a
esquerda petista, também pode ser forçada a abrir espaço para os debates,
tirando nossas posições da semiclandestinidade."

Os radicais falam do
empresariado. " Não está claro se conseguiremos impedir a influência do
empresariado, evitando que ocorra, como em 2001, enorme desigualdade de recurso
entre as candidaturas e chapas."

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