Espécie sai da lista de extinção, e entra para o mercado de exportação

ecoterra.jpgO jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), espécie de ocorrência registrada desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e na Bacia do Rio Paraná, até o Pantanal, estava na lista do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de espécies ameaçadas de extinção até dezembro de 2002. A ameaça ocorreu devido à destruição de seu habitat e a caça ilegal para o comércio da carne e do couro do animal. A exclusão da lista de animais ameaçados devido à recomposição da espécie na natureza permitiu a criação e o comércio de derivados do animal, o que é feito hoje por nove criadouros legalizados existentes no Brasil.

A empresa Mister Cayman é o maior criadouro de jacarés-do-papo-amarelo da América Latina. Devidamente autorizada pelo Ibama, a empresa possui cerca de seis mil animais e já fechou contratos de exportação da pele de jacarés com a representante inglesa da empresa americana Harley Davidson. Em países europeus, o centímetro da pele chega a valer 14 euros, ou 47 reais. A pele pode ser transformada em bolsas, cintos, carteiras e outros objetos. Cabeça, patas e ossos viram peças decorativas, enquanto a gordura, o sangue e a urina, são utilizados por empresas farmacêuticas e de cosméticos.

A criação de animais da fauna brasileira em cativeiro, com fins comerciais previstos pela Lei 5197/67, é regulamentada pelo Ibama. De acordo com o biólogo do Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios do Ibama – RAN -, Isaías José Reis, os criadouros autorizados de animais silvestres contribuem para o fim do tráfico ilegal. "É como uma alternativa de preservação. Os animais não são tirados da natureza para se reproduzirem em criadouros, essa possibilidade só é autorizada em casos extremos. Novos criadores devem adquirir suas matrizes através dos criadouros, que possuem animais nascidos e desenvolvidos em cativeiro", disse.

Quanto à exportação das peles, o biólogo não vê ameaças para a espécie, uma vez que só é autorizada a comercialização de derivados dos animais com outros países a partir da segunda geração criada em cativeiro. "Essa é uma espécie que consta no anexo 1 da CITES, portanto a primeira geração de animais nascida em cativeiro e seus derivados podem ser comercializados dentro do país de origem. Exportações só podem ser feitas a partir da 2a geração", diz. Resta saber se estar dentro da Lei justifica essa crueldade com os animais.

Sobre o jacaré-do papo-amarelo

Esta espécie de jacaré habita rios, lagos e brejos próximos ao mar. Esteve na lista vermelha de animais ameaçados de extinção do Ibama devido a poluição de rios e lagos, devastação da restinga pela exploração imobiliária e a caça. Os jacarés fazem o controle biológico de outras espécies animais ao se alimentarem de indivíduos mais fracos, velhos e doentes, além de controlarem a população de insetos e de caramujos transmissores de doenças como a esquistossomose. Suas fezes servem de alimento a outros animais, como peixes.

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