Escolha de Unger para secretaria revolta cúpula do PT

A nomeação do filósofo Roberto Mangabeira Unger (PPS) para a Secretaria de Ações de Longo Prazo do governo Lula provocou revolta na cúpula do PT. Na reunião do Diretório Nacional, petistas não escondiam o desgosto por terem sido deixados de lado no primeiro escalão enquanto aliados que sempre achincalharam o presidente foram premiados. O filósofo foi um dos mais ácidos críticos de Lula desde o primeiro mandato: disse que o presidente era o mais corrupto da história e defendeu o impeachment.

"Mangabeira se desmoralizou sozinho", afirmou o secretário-geral do PT, Joaquim Soriano, da tendência de esquerda Democracia Socialista. "Mas, depois da nomeação do Geddel, essa pauta morreu porque ele também chamou o presidente de corrupto", observou, numa referência ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), que sempre fez oposição a Lula quando era deputado.

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que o poder atrai. Berzoini achava que Mangabeira havia recusado o convite. Ao ser informado de que ele aceitara, abriu um sorriso. "Então, aceitar o convite é sinal de que ele mudou de opinião. Isso se deve à liderança pessoal do presidente, que é muito forte. Mas, evidentemente, o poder também conta e faz parte do processo político a disputa de poder", afirmou.

Diante da insistência dos jornalistas em saber como o partido se posicionava, Berzoini tentou contemporizar. "O PT não tem de ficar nem feliz nem triste. O presidente Lula deve ter seus critérios para fazer essa nomeações e não vejo problema nenhum no fato de pessoas que já foram nossos adversários entrarem no governo", disse. Depois, repetiu um mantra do presidente Lula: "Coalizão não se faz com os iguais, mas sim com os diferentes.

Voltar ao topo