Escolha acertada

O presidente Lula transmite a nítida impressão de se preocupar com a melhoria das relações entre governo e meios de comunicação. Para tanto, nomeou para o ministério da área o experimentado jornalista Franklin Martins, até poucos dias comentarista da Band.

O ministério vai supervisionar os serviços específicos de jornalismo e publicidade, embora Franklin tenha enfatizado que ?esses guichês serão separados?, além de assumir a tarefa de encaminhar o projeto da rede pública de televisão do Executivo, recentemente anunciado pelo ministro Hélio Costa, das Comunicações, tema bastante polêmico à vista de alguns enfoques duvidosos pinçados das colocações iniciais do ministro.

Durante o primeiro governo, o setor de comunicação social foi alvo de críticas acerbas da oposição e da própria mídia, face ao caviloso relacionamento com a agência de publicidade de Duda Mendonça, que não por simples acaso chefiara o setor de marketing da campanha de Lula em 2002.

Um dos indícios levantados pela CPI dos Correios, rastreando o caminho percorrido pelo dinheiro que acabou no bolso de não poucos deputados da base política do governo, na maracutaia que o ex-deputado Roberto Jefferson denominou de ?mensalão?, é que grande parte dos recursos teve origem nas verbas publicitárias de estatais federais.

O desgaste causado pelo rigor das apurações forçou o esvaziamento da função do ministro Luiz Gushiken, pivô da distribuição das verbas publicitárias, bem como seu afastamento definitivo do governo. As relações com a imprensa, que já não eram boas, passaram por um processo de deterioração que atingiu o ponto máximo na tentativa bisonha de expulsar do País o correspondente Larry Rother, do The New York Times, que assinou matéria considerada ofensiva sobre hábitos pessoais do presidente.

Por isso, a decisão presidencial de arrumar a casa e entregar o serviço a um profissional de alto nível, credenciado pelo respeito da categoria.

O ministro pretende começar do zero, no que está coberto de razão, frisando que o governo terá relação essencialmente democrática com os meios de comunicação. E que o presidente vai destravar o diálogo com os jornalistas. É muito bom para ser verdade…

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