Energia renovável: posição do Brasil é criticada em Bonn

São Paulo, 03 (AE) – A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, ressaltou hoje, na cidade alemã de Bonn, no plenário da Conferência Mundial de Energias Renováveis, o compromisso do Brasil, da América Latina e do Caribe com as energias limpas, como chave para o desenvolvimento econômico e a superação da pobreza.

“As energias renováveis abriram perspectivas de desenvolvimento em regiões aptas para sua exploração, já que permitem um aproveitamento ecológico de seus enormes recursos naturais”, disse a ministra.

“Brasil, América Latina e Caribe cumpriram seus deveres” no desenvolvimento de fontes renováveis, mas para seguir adiante é necessário o compromisso de toda a comunidade internacional, afirmou Dilma.

“Em grande parte da América Latina, já se alcançou 14,7% de consumo energético gerado por fontes renováveis”, disse a ministra. No entanto, “milhões de brasileiros ainda vivem à luz de velas”, por não terem acesso à energia, segundo Dilma, o que tornou necessário avançar no desenvolvimento de fontes energéticas “independentes” e baseadas nos próprios recursos naturais.

Um dos pontos polêmicos de seu discurso esbarrou justamente nas hidrelétricas. Ambientalistas não gostaram de a ministra tê-las defendido como fonte mais importante e mais barata para o suprimento de eletricidade na região que representa.

DECEPÇÃO – “O discurso da ministra foi uma decepção geral para as ONGs aqui presentes e também para vários delegados da conferência”, disse o representante do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (FBOMS), Rubens Born, em entrevista por telefone à Agência Estado.

“O Brasil poderia ter se aproveitado da liderança e do papel-chave desempenhado pelo País desde Johannesburgo, na Rio+10, em 2002, para concretizar projetos em energias renováveis e atrair recursos dos negociadores”, explica Born. “Mas não foi o que aconteceu. Ocorre que o País foi à conferência representando a América Latina e o Caribe, e o sistema de hidrelétricas não é adequado para todos os países. Foi um péssimo sinal político.”

“Usando uma analogia de que o nosso presidente gosta, o Brasil estava com a bola na frente do gol sem goleiro”, disse o representante do Greenpeace Marcelo Furtado, outro brasileiro presente à conferência. “A ministra resolveu brigar pelas barragens. Agora vai perder liderança e os possíveis recursos de investidores.”

“A ministra deveria ter se concentrado na Plataforma de Brasília, já discutida, e ter falado de programas como o Proinfa”, de acordo com Born. O Proinfa é um programa coordenado pelo Ministério das Minas e Energia do Brasil que estabelece a contratação de 3.300 MW de energia no Sistema Interligado Nacional, produzidos por fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, sendo 1.100 MW de cada fonte.

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