Encontro debate estratégias para controle da tuberculose no Paraná

Até sexta-feira (2) Curitiba sedia a Oficina de Planejamento das Ações de Controle e Diagnóstico do Plano de combate à Tuberculose no Paraná. O objetivo é planejar as ações de controle e diagnóstica da doença no Estado, de forma regionalizada, buscando a organização por Regional de Saúde. Durante o evento cada uma delas traçará o seu plano.

?Estamos fazendo um planejamento estratégico no combate da doença. E mais uma vez, seguindo nossa linha de Regionalização, faremos isso de acordo com as diferenças e necessidades específicas de cada região do Paraná, inclusive com metas específicas?, explica o secretário da Saúde, Cláudio Xavier. O evento reúne representantes de todas as 22 Regionais de Saúde, dos seus municípios sedes e dos municípios prioritários no controle da doença.

O coordenador da força-tarefa e representante do Programa Nacional de Combate à Tuberculose, Cláudio Romano, esclarece que a doença é um problema amplo e devido a isso precisa ser discutido sob diversos enfoques. ?A tuberculose também é um marcador social importante?, analisa. Isso, porque, segundo ele, grande parte dos casos da doença estão situados em locais onde a população é de baixa renda, como em invasões, favelas e na rua. Segundo Romano, esta parcela da população é de difícil abordagem.

?O Paraná está tendo estratégia, concentrando esforços onde o problema é maior?, explica, se referindo as dez cidades consideradas prioritárias que correspondem a 47% dos casos de todo o Estado. ?Esta forma de abordagem dá mais possibilidades de resultados?, completa. Os municípios são: Curitiba, Colombo, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá, Paranaguá, Pinhais, Ponta Grossa e São José dos Pinhais. ?A Tuberculose não é uma doença do passado, muito pelo contrário, é do presente?, enfatiza.

Outro palestrante da oficina é o assessor internacional da Organização Pan-Americana de Saúde para Tuberculose no Brasil, o cubano Rodolfo Rodrigues. Ele falou da importância do cumprimento do Dot´s, que é um conjunto de ações desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde para combater a doença. O plano incluí a detecção precoce dos casos, agilizar a parte laboratorial para facilitar o diagnóstico e atualizar constantemente os dados de forma correta, evitando insuficiências de informações ou duplicidade de casos.

Rodrigues também apresentou dados mundiais da doença e externou sua preocupação com dois fatores específicos, a Aids e a resistência que alguns bacilos transmissores da doença estão criando contra as medicações. No Brasil este índice ainda é inferior a 1%, o que não causa preocupação, mas países como a China e a Estônia já apresentam marcas de 10,4% e 12,2% respectivamente. ?250 mil pessoas faleceram vítimas da Tuberculose e da Aids em 2006. São nove milhões de casos novos por ano. Destes, um terço estão na China e na Índia?, salienta.

A organização também estabeleceu algumas metas mundiais que começaram a ser trabalhadas em 2006 e que tem como prazo final para avaliação 2015. Entre elas estão fortalecer o Dots, promover e facilitar as investigações dos casos, trabalhar a questão da resistência do bacilo aos medicamentos e também o trabalho conjunto com a Adis, envolver provedores de saúde, pacientes e familiares, além de fortalecer os sistemas públicos de saúde. ?No Brasil fica mais fácil por causa do SUS, mas na Índia, por exemplo, onde a população é muito pobre e a medicina é praticamente toda privada, é uma questão complicada?, analisa Rodrigues.

Segundo a coordenadora estadual do Programa de Controle da Tuberculose, Elisabeth Sens, há seis eixos necessários para o bom desenvolvimento do programa. É indispensável o envolvimento do gestor regional ou municipal e a existência de um bom laboratório, para o diagnóstico e o controle da qualidade. Em seguida, é fundamental a detecção precoce, a descentralização das ações e a distribuição regular e gratuita dos medicamentos a todos os pacientes. Por fim, são necessários a prevenção e o controle da tuberculose multirresistente e um bom sistema de informação, ágil, consistente e com o maior número de dados possível.

Casos

Em 2005 o Paraná registrou 2.703 novos casos de Tuberculose. O coeficiente de casos por 100 mil habitantes ficou em 26,3. Em 2006, o número preliminar é de 2.346 novos casos e o coeficiente de 22,6. A previsão é que até o final de abril a levantamento esteja completo e finalizado.

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