Encontrada mais soja transgênica em Paranaguá

Toda a soja armazenada no Porto de Paranaguá que foi analisada hoje apresentou resultado positivo no teste de transgenia. Segundo o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, cerca de um terço das 65 mil toneladas da soja estocada já foi analisada.

O embarque de todo o estoque do cereal armazenado no porto continua suspenso.

Os testes estão sendo realizados pela APPA com o apoio de fiscais da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) e agrônomos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab).

Ontem foram encontradas três mil toneladas de soja transgênica de origem paraguaia e brasileira. Os testes foram realizados com amostras de dois dos quatro terminais do porto onde estão estocadas 70 mil toneladas de soja.

Segundo o presidente da Claspar, Eduardo Ferreira Neto, a expectativa é que os testes da soja dos outros dois terminais públicos e privados, que somam pouco mais de 67 mil toneladas, estejam prontos já na próxima semana.

O Ministério da Agricultura começa hoje a monitorar a soja paraguaia que entra por Foz do Iguaçu com destino ao Brasil. Durante uma semana, os fiscais vão recolher amostras para saber se o produto é ou não transgênico, mas os caminhões não serão barrados.

Segundo a delegacia do ministério no Paraná, dependendo do volume de soja transgênica, o Brasil pode rever os acordos do Mercosul. A soja paraguaia que passa pelo Brasil para ser exportada a outros países não vai ser analisada. As autoridades paraguaias prometem reagir à suspensão das exportações.

Nesta manhã, representantes do governo e empresários paraguaios se reuniram para definir as medidas que serão tomadas para garantir o embarque da soja do Paraguai que está no porto. O presidente da Câmara de Exportadores de Cereais do Paraguai disse que a medida do governo paranaense é um desrespeito aos acordos firmados na criação do Mercosul.

1,1 milhão toneladas de soja de origem paraguaia entrou no país desde janeiro passado e apenas cerca de 65 mil toneladas foram exportadas pelo porto de Paranaguá. “O que aconteceu com o outro um milhão de toneladas que passaram pela fronteira do Paraná? Essa soja entrou no Brasil pelo Paraguai e, provavelmente foi ‘batizada’, e estava sendo exportada como produto brasileiro. Isso coloca em xeque a qualidade da soja nacional e também descredencia a lei assinada pelo governador Roberto Requião, que teve a coragem de enfrentar as multinacionais que dominam o setor”, afirmou o superintendente da APPA, Eduardo Requião

Ele também frisou que o governo do Paraná não pretende prejudicar o Paraguai, mas pretende discutir com as autoridades do país o problema da terceirização do terminal do país para a multinacional ADM. O superintendente deve se reunir com autoridades do país vizinho nos próximos dias para resolver a remoção da soja e a questão do terminal. “O Paraguai é um grande parceiro no Mercosul e tem todo o respeito do nosso governo. Mas temos que tratar o assunto com seriedade. Não é possível que um terminal que foi repassado ao país através de um acordo binacional seja terceirizado para uma multinacional que, parece, está contaminando a nossa produção”, disse.

A soja transgênica está armazenada no antigo terminal da ANNP, que era administrado pelo governo paraguaio desde 1956 depois de um acordo binacional entre os dois países. Mas nos últimos anos, o Paraguai terceirizou o terminal, que hoje é administrado pela multinacional ADM, uma da maiores empresas do setor de soja do mundo e que opera tanto com a soja paraguaia como com a produzida no Brasil.

Eduardo Requião vai ao Paraguai na próxima segunda-feira para discutir com o presidente Nicanor Duarte Frutos uma solução para a soja transgênica de origem paraguaia encontrada nos armazéns do corredor de exportação paranaense. O encontro foi acertado hoje numa reunião entre o superintendente e o delegado administrador do entreposto Franco-Paraguaio, Gregório Areco.

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