Empresários começam o ano com “ânimo de barata”

Rio – Para economistas de entidades ligadas ao setor industrial, as expectativas dos empresários confirmam que o primeiro trimestre do ano será fraco em atividade econômica. Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse a instituição trabalha com a perspectiva de um primeiro trimestre "bastante moderado para o setor"

Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avalia que os dados da sondagem conjuntural da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram "um ânimo de barata, sem entusiasmo" dos empresários, por causa da persistência de problemas como carga tributária elevada, juros altos e valorização do real

Mol acredita que "o primeiro trimestre será desaquecido, porque a prioridade dos empresários não é produzir, mas reduzir estoques". O economista adianta também que o ajuste de estoques, que foi intenso no final do quarto trimestre, ainda não terminou

Segundo ele, a intensidade do ajuste de estoques no final do ano passado será confirmada pelos dados da produção industrial de dezembro a serem divulgados na semana que vem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas as sondagens industriais recentes mostram que o movimento ainda persiste em janeiro

O economista da CNI observa que os empresários começaram 2006 menos otimistas do que estavam no primeiro mês de anos anteriores. Para ele, esse "otimismo menor" reflete o ano de 2005, marcado por um cenário de acomodação e arrefecimento da atividade industrial. "A perspectiva para o futuro acaba influenciada por essa situação do passado", lembra

Para ele, as expectativas dos empresários da indústria estão influenciadas especialmente por três fatores: carga tributária elevada; juros altos, ainda que em trajetória de queda; e especialmente a valorização cambial que afeta as grandes empresas, sobretudo dos setores de madeira, vestuário e têxtil

Mol acredita que, apesar das modestas expectativas dos empresários do setor para o primeiro trimestre, haverá manutenção da mão-de-obra, com o fim do ciclo de demissões maiores que contratações ocorrido no segundo semestre do ano passado

Para Gomes de Almeida, do Iedi, os dados da sondagem da FGV revelam "cansaço" dos empresários. "Esses dados revelam um certo cansaço em relação à economia brasileira, já que os grandes problemas como carga tributária elevada, câmbio e juros muito altos permanecem", avalia

Ainda assim ele acredita que o desempenho da economia neste ano será melhor do que no ano passado. "Há algo mais nessa avaliação dos empresários do que os dados econômicos, há um desânimo", disse.

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