Apesar da dívida de R$ 225 milhões e do pedido de socorro feito ao governo, a Fundação Zerbini, que administra o Instituto do Coração, decidiu promover mais uma despesa. Uma empresa de auditoria será contratada para analisar contratos e prestações de contas dos programas da instituição, desde 2001. A medida, cujo valor ainda não foi definido, foi anunciada nesta quinta-feira (23), um dia depois de o governo formar um grupo de trabalho com representantes de vários setores – incluindo o Hospital das Clínicas, com a mesma função. Mas com a diferença que a auditoria do governo não custará nada para a fundação.
O superintendente da Fundação Zerbini, Aldemar Sabino, reconheceu que uma licitação agora não traria benefícios de informação. Admitiu também que o gasto, questionável, é feito num momento crítico. "Não era necessário. Mas o Conselho Curador tem autonomia para isso", afirmou. A expectativa é de que a auditoria contratada pela Fundação Zerbini faça o trabalho num período de quarenta dias.
O grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Saúde terá entre seus integrantes representantes do Ministério da Saúde, do Hospital das Clínicas, da Fundação Getúlio Vargas e do BNDES. Ele foi formado por recomendação do Ministério Público. Diante das denúncias de uso irregular dos recursos da fundação, o MP achou mais prudente condicionar qualquer empréstimo a uma avaliação do grupo de trabalho.
As denúncias contra a Fundação Zerbini vêm de várias fontes. A Procuradoria Geral no Distrito Federal investiga supostas irregularidades cometidas durante a construção do Incor-DF. A denúncia foi apresentada à Procuradoria em 2005, mas não caminhou muito até agora. Apesar de a Procuradoria haver pedido à Polícia Federal a instauração de um inquérito, logo depois de receber a representação, somente esta semana, um ano e oito meses depois, é que o pedido foi acatado. De acordo com a Superintendência da PF, "havia outros assuntos mais relevantes". A demora também foi atribuída à falta de estrutura da instituição e aos pedidos de inquérito que chegam "no varejo.