Emprego industrial recua 0,6% e renda encolhe 2,4%, revela IBGE

O mercado de trabalho industrial piorou em junho na comparação com maio, com queda no emprego (-0,6%) e na folha de pagamento real (-2,4%).

Para a economista Isabela Nunes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as reduções anularam ganhos anteriores e levaram a uma "manutenção do estoque do emprego" no setor. Para ela, os dados de junho revelam que os empresários colocaram em "stand by" a decisão de investir na contratação de pessoal.

Apesar da redução ante o mês anterior, a ocupação na indústria prosseguiu na trajetória de crescimento na comparação com junho do ano passado (1,3%) e fechou o primeiro semestre com expansão de 2,3% ante igual período do ano anterior. Para Isabela, isso mostra que, apesar da "parada" das contratações em junho, o quadro do mercado de trabalho industrial é "bem melhor" neste ano do que em 2004.

A economista explica que, além de a indústria responder tradicionalmente com defasagem ao aumento na produção para efetuar contratações, a situação está sendo agravada pelo fato de que os setores que estão aquecendo a atividade não estarem entre os principais empregadores. Ela lembra que segmentos que utilizam mais mão-de-obra, como vestuário, têxtil e calçados, estão mostrando reação lenta ou até mesmo queda na produção.

"É como se o empregador estivesse olhando o cenário para ver se é um bom momento para contratação", disse, para justificar a defasagem na resposta do emprego à reação da produção do setor no segundo trimestre, que mostrou taxas elevadas da atividade industrial.

Ela explica que "o cenário econômico é positivo, mas a decisão de contratar vai além disso, tem a ver com uma avaliação uma expectativa do empregador". Indagada se a crise política está influenciando negativamente essa expectativa, Isabela disse que a pesquisa do IBGE não tem informações que permitam avaliar se há esse efeito.

A folha de pagamento real da indústria também mostrou crescimento nas comparações com o ano passado, em junho (3,3%) e no acumulado do primeiro semestre (4,2%). Segundo Isabela, a queda da renda na indústria ante o mês anterior foi influenciada pela base de comparação elevada dos meses anteriores de 2005, já que o pagamento de bônus e benefícios, que antes ocorriam em dezembro, agora acontecem no primeiro trimestre do ano.

Além disso, segundo ela, "se não há aumento de estoque de pessoas, também não há pressão para cima na folha, exceto nos casos de reajustes por data-base, o que não ocorreu em junho". O índice de média móvel trimestral da folha – considerado o principal indicador de tendência – confirmou a tendência de queda, já que o trimestre encerrado em junho registrou recuo de 1% ante igual período terminado em maio.

Voltar ao topo