Embratur: crise aérea e ataque não prejudicam imagem

Mesmo com as sucessivas reclamações de associações e entidades brasileiras do setor de turismo, por causa dos prejuízos decorrentes da crise aérea, a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) mantém estimativas otimistas com relação aos gastos dos turistas estrangeiros no País. Para a entidade, a crise aérea e a violência dos recentes ataques no Rio de Janeiro são episódios que não prejudicam a imagem brasileira no exterior.

"Crise aérea tem em todo lugar, por causa de problemas climáticos ou outros fatores. No meu ponto de vista, este problema nos aeroportos não afeta a imagem do País e não gera prejuízos", minimizou o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes.

Lopes comentou ainda os violentos ataques ocorridos nesta madrugada no Rio de Janeiro, entre policiais e traficantes. "É um fato desagradável, mas não é terrorismo, onde o número de vítimas pode chegar a centenas. Apesar disso, temos de trabalhar para minimizar, ou até eliminar (o problema), mas não é algo que afeta o turismo", disse Lopes.

Questionado sobre a repercussão que essa onda de violência no Rio poderá ter na mídia internacional, emendou: "A repercussão da violência é mínima. O que são 100 turistas assaltados numa proporção de 1,6 milhão de turistas que vão ao Rio de Janeiro? Isso acontece no mundo inteiro". E citou uma pesquisa que a instituição faz com turistas estrangeiros, na qual a questão da segurança não aparece entre as principais prioridades. Em primeiro lugar está a necessidade de melhoria na sinalização turística, seguida de limpeza urbana e infra-estrutura de comunicação.

A Embratur divulgou recentemente o balanço parcial do ano referente aos gastos dos turistas no Brasil entre janeiro a novembro deste ano, que ficou em US$ 3,9 bilhões, recorde histórico no turismo brasileiro. Em 2005, este número ficou em US$ 3,8 bilhões, que já configurava um recorde. Contudo, em 2006 o valor dos gastos de turistas estrangeiros poderá chegar a US$ 4,3 bilhões, segundo a Embratur. "Não tenho dúvidas que chegaremos a esse montante", afirmou Lopes.

Para o diretor, o montante poderia ser ainda maior se a Varig não tivesse entrado em crise no primeiro semestre, o que reduziu a quantidade de assentos disponíveis no mercado. "Se não houvesse a crise da Varig, certamente teríamos uns US$ 300 milhões a mais", disse. Segundo Lopes, os prejuízos no turismo brasileiro podem ocorrer no mercado doméstico, mas ainda assim não é algo tão alarmante. "Na parte internacional não é muito problemático. O que vemos é uma mudança de comportamento no turismo interno. As pessoas estão usando mais ônibus e carro e indo para destinos de seu próprio Estado. Os nordestinos vão para as praias nordestinas, os pernambucanos para locais pernambucanos e assim por diante. A própria orla paulista está lotada", apontou.

Segundo ele, 70% das viagens internacionais ao País são oriundas de companhias aéreas estrangeiras. Mesmo diante de todos os problemas, Lopes acredita que os altos investimentos para a promoção do Brasil no exterior foram válidos. "As ações da Embratur não foram em vão. Problemas em aviões acontecem", avaliou. E finalizou: "O ano de 2006, em termos econômicos, foi o melhor da história do turismo brasileiro".

Voltar ao topo