Embrapa lança amanhã primeiro inseticida biológico produzido no Brasil

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a empresa Bthek Biotecnologia lançam amanhã (26) o primeiro inseticida biológico produzido no Brasil capaz de controlar o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, e os mosquitos do tipo borrachudo. O inseticida vai ser lançado durante as comemorações do 32º aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, somente neste ano a dengue já contaminou mais de 38 mil pessoas em todo o país e está presente em pelo menos 3.600 municípios brasileiros. Já o borrachudo (Simullium spp), cuja picada provoca muita dor, pode causar alergia e prejudicar a vida de trabalhadores rurais, o turismo e a agropecuária.

O inseticida biológico, cujo nome comercial é Bt-horus, foi desenvolvido a partir de uma bactéria conhecida como Bt (Bacillus thuringiensis) que atua especificamente no controle dos insetos-alvo, ou seja, mata apenas determinados tipos de inseto, entre eles o Aedes aegypti e o borrachudo.

"Uma grande vantagem do controle biológico é a especificidade da atuação do agente de controle biológico. Nesse caso, as bactérias isoladas são muito específicas, algumas atacam o mosquito da dengue, outras, o mosquito urbano, e não existe, até o momento, nenhum bacilo que controle todas os insetos, mas achamos que isso é uma vantagem, exatamente pela segurança ambiental", disse o chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Dias.

Para desenvolver o produto a equipe do controle biológico da Embrapa, liderada pela pesquisadora Rose Monnerat, usou um tipo brasileiro do Bacillus thuringiensis. O desenvolvimento do processo produtivo e a formulação do produto final foi executado pela Bthek Biotenologia.

Após diversos testes toxicológicos, o produto foi considerado inofensivo à saúde humana e ao meio ambiente e obteve registro junto ao Ministério da Saúde e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já foram feitos testes no campo, com excelentes resultados, e experimentos em caixas d?água da cidade de Brasília, ocasião em que os pesquisadores obtiveram um índice de mortalidade de mosquitos de 100% durante um mês.

Outra vantagem, segundo José Manuel Dias, é que o novo inseticida não cria resistência nos insetos, problema muito comum em diversos inseticidas importados. "Vários dos inseticidas que eram utilizados para o controle dos mosquitos hoje não têm mais efeito. Com o uso contínuo, eles não funcionam mais. Esse produto não causa resistência, pois sua atuação é biológica, e não química", explicou.

A expectativa é que em breve o inseticida possa ser utilizado em caixas d?água domésticas e em cursos de água. De acordo com Dias, o inseticida só poderá ser adquirido por empresas especializadas ou pelo governo, já que a legislação brasileira não permite a venda direta do produto. Dias informou também que qualquer empresa que queira produzir o inseticida e detenha tecnologia para isso poderá entrar em contato com a Embrapa e adquirir a bactéria. "A Embrapa não trabalha com exclusividade com nenhuma empresa. Há possibilidade de fazer o mesmo tipo de trabalho com outras empresas interessadas", disse ele.

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