Em virtude da atual crise, exportação de álcool deve cair

A atual crise no mercado do álcool combustível vai tirar o Brasil de uma parte do mercado internacional na próxima safra. A estimativa da União da Agroindústria Canavieira (Unica) e de agentes do mercado é de que a exportação na safra 2006/2007 cairá para 1,8 bilhão de litros de álcool. Na safra 2005/2006, que termina em 30 de abril as vendas externas devem alcançar 2,4 bilhões de litros.

Será um forte recuo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a indústria sucroalcooleira exportou de janeiro a dezembro do ano passado 2,592 bilhões de litros de álcool. Em 2004, os embarques foram de 2,321 bilhões de litros. Em 2003, a exportação de álcool foi de apenas 686,7 milhões de litros.

Para Fernando Moreira Ribeiro, secretário-geral da Unica o cenário atual indica que o País exportará apenas 1,8 bilhão de litros. Na melhor situação, repetirá a atual safra. "Não será possível crescer", diz.

A Crystalsev, responsável pela comercialização das usinas Santa Elisa e Vale do Rosário, fez poucos contratos para a próxima safra. "Estamos retraídos na venda de álcool da safra nova", disse Paulo Francisco de Siqueira Costa, responsável pela área de projetos da Crystalsev.

"Os fechamentos de contratos para exportação (o que para o álcool ocorre com cerca de seis meses de antecedência) para a próxima safra estão muito tímidos. Ninguém está interessado em comprometer-se demais com a venda de álcool no mercado externo", avalia Jacyr Costa Filho, diretor da Sociedade Corretora de Álcool (SCA).

O mercado aponta duas razões para a cautela em vender álcool no mercado internacional. O setor quer e precisa garantir o abastecimento interno. O objetivo é alcançar o final da próxima entressafra sem saldo negativo no estoque de álcool, como ocorreu em 2005 e se repete agora. A segunda razão é econômica. Apesar de o preço internacional do álcool ter alcançado níveis jamais vistos (US$ 560 por metro cúbico), o do açúcar está ainda melhor.

"Os preços do açúcar oferecem remuneração melhor que a do álcool. As usinas devem produzir o máximo de açúcar, até o limite que assegure a produção de 15,2 bilhões de litros de álcool", explica Plínio Nastari, diretor da Datagro. A consultoria acha que há espaço para aumento da exportação de álcool: 2,6 bilhões de litros na safra 2006/07.

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