Em ritmo de minueto

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conjunto de projetos que o governo federal lançou com o objetivo de induzir o desenvolvimento econômico nacional, tirando-o da estagnação que vem desde a época do presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda está em ritmo de minueto, tantos serão os entraves a remover até que a primeira obra, efetivamente, saia da prancheta.

Segundo se informou, um grupo de burocratas cataloga cada um dos 500 projetos mais importantes, estabelecendo prazos e metas para o cumprimento dos organogramas. Ora, é exatamente esse o grave defeito da gestão pública, qualquer que seja o seu nível, e a prova está nos abusivos atrasos na entrega de obras públicas, aumentando gastos do erário e prejudicando a população.

Outro vício histórico da administração pública, não menos inconseqüente, é a quantidade incalculável de obras não concluídas, sem que as responsabilidades fiquem devidamente estabelecidas e apurados os indícios putativos de corrupção.

Para o presidente da República, o sucesso do PAC representa o grande trunfo do segundo mandato e carta de naipe elevadíssimo quando chegar a hora de traçar a estratégia da sucessão. Quanto maior for o volume de obras, mais estará fortalecida a probabilidade de eleger o sucessor, ainda que nesse momento a incógnita seja localizar um político ligado a Lula com as condições desejáveis para enfrentar a campanha presidencial.

Além disso, o governo terá de contar com a unanimidade da base parlamentar para contornar empecilhos que os partidos de oposição começam a fomentar. Mesmo com folgada maioria no Congresso, o governo não terá a facilidade que calcula nas situações mais ingentes. A evidência reside na votação do projeto de criação da chamada ?Super-Receita?, em que, a princípio, o PT ficou isolado.

No seu linguajar característico, Lula afirmou que pretende ser um fiscal severo das obras do PAC, ?porque o porco só engorda se o dono estiver olhando?. Prepare-se o vigilante, todavia, para desafios muito mais ínvios que os supostos por sua visão simplista.

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