Eleição do líder do PMDB na Câmara termina em pancadaria

Incapaz de escolher seu candidato a presidente da República e há anos submetido à disputa de duas alas – uma governista e outra de oposição -, o PMDB agora resolve suas divergências internas no tapa. Por volta da meia-noite de quarta para quinta-feira, as duas alas se enfrentaram dentro da sala da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara Houve troca de socos, empurrões, xingamentos e quebra-quebra.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), mandou abrir sindicância para apurar os fatos e contabilizar os prejuízos ao patrimônio público. Por causa da confusão, Aldo adiou para a semana que vem a eleição dos novos presidentes das comissões, porque são os líderes quem indicam os integrantes de todos os órgãos técnicos da Casa. A vitória de um lado ou de outro pode mudar totalmente o rumo do comando das comissões. Ao PMDB caberá a Comissão de Fiscalização e Controle. Contra o governo, ela pode tornar-se um tormento; a favor, pode ser importante instrumento de ajuda da administração central.

A troca de tapas entre os peemedebistas teve início às 23h58, quando o deputado Nelson Bornier (RJ), aliado do ex-governador Anthony Garotinho, apresentou uma lista com as assinaturas de 51 deputados favoráveis a que assumisse o cargo de líder o deputado Waldemir Moka (MS), da ala oposicionista. Os governistas, sob o comando de Hermes Parcianello (PR), já estavam na Secretaria da Mesa, vigiando o que fariam os adversários. Menos de 20 minutos antes, eles tinham apresentado outra lista, com 46 assinaturas, que garantia a liderança para Wilson Santiago (PB).

Acontece que Bornier e Max Rosenmann (PR) levaram à Mesa da Câmara requerimento de retirada da assinatura de dois aliados do governo. Neste instante, de acordo com narrativa de funcionários da Câmara, Parcianello saltou o balcão, desligou o relógio de ponto e jogou o computador do protocolo no chão. Copos voaram pelos ares. Bornier e Parcianello se atracaram. Rosenmann aproveitou para dar uns empurrões no adversário. Uma funcionária da Câmara se machucou; outros, em pânico, correram. A lista dos aliados de Moka desapareceu. A segurança da Câmara foi chamada e interveio para acabar com a pancadaria.

"Esse Parcianello é um moleque, um sujeito sem caráter, um malandro", acusou Rosenmann. "Está claro que o governo está oferecendo vantagens para deputados assinarem a lista", disse o parlamentar. "Eles estão fraudando o processo, porque na lista deles tem até assinaturas em xerox e outras repetidas. Foi uma das atitudes de maior agressividade que já vi em toda minha vida", afirmou Rosenmann. Parcianello foi procurado pelo Estado, mas não quis se manifestar.

O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), fez um apelo a Aldo Rebelo para evitar que as duas facções do partido continuem a sua eterna luta. Ele pediu que o regimento interno da Câmara seja modificado e que o líder só possa ser indicado depois de eleição secreta na bancada. Isso acabaria com as listas que sempre aparecem quando a disputa entre os dois lados aumenta e um quer dar uma rasteira no outro.

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