Efeitos da crise

Os principais indicadores econômicos ainda não sofreram qualquer alteração, e isso tem proporcionado ao governo uma espécie de bálsamo para mitigar as agruras dessa fase de extrema agitação política. Contudo, no ambiente particular das empresas da indústria e do comércio, os primeiros indícios da crise institucional já se fazem sentir.

A atividade econômica, que já havia apresentado visível estabilização em maio e junho, segundo prognósticos realistas, deve iniciar o segundo semestre em ritmo bastante cuidadoso.

Diante da frustração das metas de vendas nos primeiros seis meses do ano, vários setores da produção industrial estão, literalmente, como o pé no freio. Não há da parte dos empresários a mais leve intenção de implementar novos investimentos nos próximos meses.

O patamar elevado atingido pela taxa de juros (19,75% ao ano), agravado pela queda do poder de compra dos consumidores da classe média, são os fatores que mais pesam na falta de ânimo vivida hoje pelo empresariado brasileiro. Interpretando esse sentimento, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, salientou a preocupação do setor com a indesejável paralisação ora verificada.

A Associação Comercial de São Paulo, praça que explicita de modo imediato os percalços da atividade econômica, fez uma pesquisa para avaliar a inadimplência líquida do sistema de crediário. Em junho, os clientes com atraso no pagamento das prestações chegavam a 5,1%, a maior marca já registrada pela entidade.

Esse é um sinal evidente da má situação econômica de grande número de famílias de renda média e baixa, cujos ganhos não permitem a aquisição de novos bens de consumo duráveis e tornam-se insuficientes até para a liquidação dos compromissos anteriores.

Todos estão de olho nas decisões que o governo vacila em tomar quanto à política de juros. A voz corrente entre empresários, economistas e observadores do mercado concorda no ponto de ter chegado o momento oportuno para o governo iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic, a fim de realimentar o ritmo da produção e do consumo.

O mercado assinala que a inflação continua em baixa, de modo que os juros básicos também podem cair e, assim, estancar a desaceleração econômica.

Voltar ao topo