Efeito corretivo

Mal sabia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que estava armando uma bomba de efeito retardado ao vetar, em 2005, a emenda que facultava ao chefe do Executivo federal a demissão, a qualquer tempo, dos diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

No atual clima de conturbação vivido pela aviação comercial do País, com os aeroportos mais movimentados exigindo o remanejamento da escala de pousos e decolagens, além da imponderabilidade de interferências do sistema de controle do tráfego aéreo num contexto delicado, a Anac passou a ser um dos fulcros da crise.

Ocorre que efeitos corretivos na cúpula da agência são impossíveis à luz da legislação específica que rege a atuação dos órgãos reguladores do Estado. Por exemplo, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, tem mandato até 2011 e não pode ser demitido do cargo, assim como os demais diretores.

Diante do volumoso abacaxi a ser deglutido, os gênios de plantão no Palácio do Planalto decerto sugeriram ao presidente Lula o uso do jeitinho tradicional de resolver charadas intrincadas. Emissários foram despachados com a missão de ?convencer? Zuanazzi e os demais diretores a assinar um pedido de renúncia coletiva.

Dessa forma, estaria livre o caminho para o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, pensar na solução mais adequada, dando preferência a técnicos de alta performance na atividade. Resta saber se o guizo será amarrado ao pescoço do gato…

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