Efeito bumerangue

Os estudiosos tentam explicar o fenômeno Luiz Inácio Lula da Silva, uma realidade desafiadora nos meios políticos brasileiros, um personagem que cresce sem a menor sombra de dúvida a cada pesquisa de intenção de voto. A cinco dias das eleições, a diferença entre Lula e Geraldo Alckmin é de cerca de 20 pontos percentuais dos votos válidos, tornando praticamente inevitável a derrota do tucano no próximo domingo.

Apenas para ratificar a superioridade eleitoral de Lula em relação a Alckmin, considerada a última pesquisa Vox Populi/CartaCapital, publicada na edição desta semana, o candidato à reeleição atingiu a casa de 57%, ao passo que o tucano descambou para 37%. Transpondo o cálculo para os votos válidos (descontados os brancos e nulos), os números indicam que na hipótese de a eleição ter acontecido no domingo passado, Lula seria o vencedor com 61% a 39% do opositor, uma vitória para ninguém botar defeito.

O desempenho sofrível do ex-governador de São Paulo no segundo turno, depois de ter conseguido a façanha de forçar a nova rodada de votação, não deixou de constituir enorme surpresa para os analistas, que não contavam com a acelerada queda do volume de votos obtido por Lula a 1.º de outubro.

Aliás, na ocasião colocou-se como elemento primacial da maioria das análises a extraordinária votação do candidato tucano, puxada em grande parte pelo recrudescimento do caso do dossiê contra Serra e a publicação das fotos do dinheiro que o compraria dos Vedoin (R$ 1,7 milhão), vazadas por um delegado da Polícia Federal para alguns repórteres paulistanos.

Na segunda fase da campanha, Alckmin passou a atacar Lula de maneira contundente e o auge da estratégia ocorreu no debate da Bandeirantes, após o qual o presidente revelou ter se sentido ?diante de um delegado?, usando irônica tirada de seu inesgotável repertório. Pelo visto, os ataques surtiram um autêntico efeito bumerangue e acabaram drenando o manancial de Alckmin, também alvejado pela seqüência de alusões indisfarçáveis aos riscos de privatização da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Lula não perde mais nem para si mesmo.

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