Educação para a autonomia

desenhoeducacao300907.jpgComo já disse neste espaço, gosto muito de ler, mas existe muita coisa supérflua no mercado. Não é o que ocorre com a revista Época, edição número 466, 23 de abril de 2007, que reserva as páginas 90-98 para o tema ?O que as escolas precisam aprender?, inclusive com experiências de instituições que atuam de modo diferente com os alunos.

A jornalista Ana Aranha provoca: Imagine que um cidadão tivesse dormido um século e acordasse agora. O mundo seria uma grande surpresa para ele. Aviões, celulares, arranha-céus. Ao entrar numa casa, ele não conseguiria entender o que é uma televisão. Ou um computador. Mas, quando ele se deparasse com uma escola, finalmente teria uma sensação de tranqüilidade. ?Ah, isso eu conheço!?, pensaria ao ver um professor com um giz na mão à frente de vários alunos de cadernos abertos. ?É igualzinho à escola que eu freqüentei.?

O mundo mudou. A maioria das escolas não. No mundo globalizado, a escola precisa desenvolver condições para que os estudantes aprendam a todo o momento, além de ensinar a filtrar aquilo que interessa, ou seja, ensinar a escolher. Os estudantes aprenderão a aprender sozinhos. Roberson de Oliveira, professor de história do Colégio Móbile, em São Paulo, explica que os alunos recebem a tarefa de descobrir tudo sobre um documento antigo sem a indicação de autor ou data. Os discentes só recebem as dicas de sites e lugares. A dificuldade começa quando eles têm de trabalhar com as informações, analisar com senso crítico as informações, montar o quebra-cabeça e ligar o conteúdo do documento ao período histórico que ele representa. No final, cada estudante produz um artigo científico sobre seu documento.

Na condição de professor de história, tenho estimulado o senso crítico e a autonomia, com dificuldades, porque os discentes estão habituados a receber as informações prontas e muitos educadores preferem a manutenção do modelo educacional do século XVIII.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é palestrante, historiador, pesquisador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br

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