Educação e saúde

A retomada do crescimento econômico é uma conquista dos brasileiros em 2007. A indústria recuperou o fôlego perdido, novas vagas de emprego formal pipocaram em todos os setores e a oferta de crédito fácil impulsionou as vendas do comércio. As bolsas de valores registraram recordes de transações e a balança comercial se comportou bem, mesmo com a queda vertiginosa do dólar americano no ano.

Em 2008, as projeções de vários analistas indicam mais um ano próspero, porém estão atentos aos reflexos de uma possível recessão nos Estados Unidos em nossa economia. Sinceramente, espero que essas projeções se confirmem. Ao mesmo tempo, gostaria de ver o noticiário recheado de previsões mais otimistas para outros pilares básicos do desenvolvimento de um país, especialmente educação e saúde.

O Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) 2007, um estudo centrado na situação de nossos jovens, indicou que 8 em cada 10 brasileiros, na faixa etária de 15 a 24 anos, estudam, trabalham, ou fazem as duas coisas ao mesmo tempo.

Há de se comemorar esse dado, embora não se possa ignorar a existência de um grande contingente de jovens que ainda não exerce nenhuma tarefa. Trata-se de um grupo que vive à margem da sociedade, cerca de 7 milhões segundo as contas do IDJ. Muitos estão nessa situação porque querem. É verdade. Mas tenho certeza que a maioria deles poderia dar mais de si se houvesse oportunidade.

Oferecer educação a todos não é apenas um dever do poder público. Nos dias de hoje, se transformou em questão de sobrevivência para que o País possa se manter em destaque no cenário econômico mundial. Não é trabalho para amanhã.

Ao contrário. Em algumas áreas, sobretudo aquelas que envolvem maior uso da tecnologia, já é possível constatar a ausência de mão-de-obra qualificada para a execução de funções que terminarão no colo de concorrentes mais preparados.

Não adianta acumular superávits na balança comercial. Isso é efêmero quando olhamos com distanciamento para o nosso futuro. De nada adianta guardar dinheiro hoje se não soubermos como gastá-lo amanhã. É por isso que vejo a necessidade urgente de investimentos na área de educação. Vamos preparar nossos filhos e netos para o que virá pela frente.

Outro setor fundamental para o desenvolvimento de um país é o acesso à saúde gratuita. Uma sociedade que se quer sadia não pode ficar refém de empresas privadas de planos de saúde. Nesse caso, o governo tem duas opções. Ou cria regras mais claras para coibir certos abusos das empresas, principalmente contra idosos e aposentados, ou investe pesado no aparelhamento das unidades médicas da rede pública, com equipamentos e salários mais adequados. É inadmissível a penúria por que passam as santas casas do País.

Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp.

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