Economistas rebaixam previsões de crescimento do PIB em 2006

Rio – O fraco resultado da economia no terceiro trimestre está reduzindo o nível das previsões mais otimistas de crescimento para o ano que vem. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que projetava avanço de 4% para 2006, espera agora avanço na faixa entre 3% e 4%. Para o Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a expansão poderá ser menor do que o estimado inicialmente.

De outubro para novembro, o IE-UFRJ já havia diminuído a estimativa para o ano que vem de 4,5% para 4%, com a expectativa de desaceleração no terceiro trimestre. Com o dado oficial divulgado esta semana, a projeção caiu para uma faixa entre 3,7% e 4%, explica o responsável pela análise de conjuntura do IE, Caio Prates. Segundo ele, os 4%, agora, são "teto" do crescimento. "O ajuste foi feito mais pelo desempenho mais negativo no terceiro trimestre e efeitos estatísticos para o ano que vem", afirmou.

Prates disse que os ajustes de previsões refletem mais os últimos resultados divulgados do que o cenário traçado para frente. O crescimento abaixo do esperado reduz um efeito que os economistas chamam de "carry over", uma espécie de embalo estatístico, que favorece o crescimento de um ano para o outro. O diretor de macroeconomia do Ipea, Paulo Mansur, confirma que o efeito deste "carregamento" vai ser menor. "Vamos crescer entre 3% e 4% no ano que vem", comentou. "Dadas as condições atuais, é difícil imaginar um crescimento acima de 4% ano que vem", afirmou. As projeções oficiais do Ipea serão divulgadas na terça-feira. Para 2005, o Ipea vinha estimando crescimento de 3 5%, que não será alcançado. Na semana que vem, a projeção para este ano deverá ser reduzida.

Apesar disso, ele explicou que há uma "visão positiva" com relação a 2006. Segundo ele, o emprego está crescendo, a massa salarial está avançando e estes são fatores que "vão se traduzir em aumento de demanda". A questão-chave, explica Mansur é o investimento, que reage em razão das perspectivas de queda dos juros e em parte com a evolução da crise política.

Já o economista da UFRJ argumentou que todo o cenário base para o próximo ano leva em conta um recuo da taxa Selic para 15% no fim do ano que vem e o fato de que a inflação deverá ficar bem comportada, com índices moderados. "A premissa básica é de que haverá um bom espaço para redução dos juros", afirmou. Para ele, a queda no terceiro trimestre não reflete um efeito concentrado do juros altos, mas um ajuste com relação ao segundo trimestre.

"Me parece que um erro de avaliação foi não se perceber que o crescimento no segundo trimestre, aquilo sim, foi um ponto fora da curva. O que ocorreu no terceiro foi uma correção", comentou Prates. Já o economista da Tendências Consultoria, Guilherme Maia, disse que a projeção de 3,4% para 2006 está sendo mantida. Segundo ele, a agropecuária deverá se recuperar ano que vem, por fatores cíclicos.

Voltar ao topo