Zoneamento direcionará todo plantio do Estado

O governador Roberto Requião e os secretários de Estado participaram ontem, no Canal da Música, da apresentação do Zoneamento Agrícola do Paraná. Elaborado por técnicos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o estudo é resultado de mais de trinta anos de pesquisa sobre o clima, solo e chuvas e vai direcionar o plantio no Estado, visando reduzir as perdas dos produtores, melhorar as condições de produção e aumentar os lucros.

O pesquisador responsável pelo estudo, Paulo Henrique Caramori, afirmou que as estimativas apontam perdas de até 40% por falta de informação sobre solo e clima e pelo plantio fora da época ideal. Ele explicou que só com o milho, que pode ser cultivado em praticamente todas as regiões do Paraná, as perdas provocadas pela desinformação chegam a 10% e os prejuízos a R$ 20 milhões.

O milho safrinha é um outro exemplo que, no ano 2000 foi plantado na época errada, ocorreram fortes geadas e o prejuízo chegou a 100% para os produtores. “Esse é o objetivo do estudo, dar a orientação necessária para que os produtores, técnicos e o governo precisam ter para implementar uma política agrícola adequada em cada região”, afirmou o governador.

De acordo com Requião, este estudo vai possibilitar que os agricultores, que hoje plantam sem financiamento, sem seguro agrícola e sem a garantia do Proagro, possam assegurar as suas produções. “Isso acontece com os produtores de milho safrinha e da soja da região do Arenito”, disse.

O secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, explicou também que as garantias virão pois, a partir do zoneamento, essas culturas serão reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. “Hoje se planta sem garantia e mesmo assim, neste ano, o Paraná vai produzir 4,1 milhões de toneladas de milho safrinha, o que significa 10% da produção nacional”, ressaltou.

O levantamento foi feito com base em 29 culturas importantes e mostra também que existem produtos, como as uvas rústicas, destinadas à fabricação de sucos, e o morango, que podem ser produzidos em todas as regiões do Paraná.

Pobreza

O governador e os secretários receberam ainda o Mapa da Pobreza no Paraná, também elaborado por técnicos do Iapar. O estudo mostra que mais de 10% da população Paraná, o que representa 1,3 milhão de pessoas, é classificada como extremamente pobre e vive próximo da indigência e em situações de risco social. Essa classificação envolve aqueles que não têm rendimento e também os que têm rendimento mensal inferior a 25% do salário mínimo.

O estudo foi elaborado com base nos microdados do Censo 2000, feito pelo IBGE. Os microdados envolvem as informações sobre cada família em cada município paranaense. O mapa mostra que a pobreza está instalada tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.

De acordo com o estudo, a Região Metropolitana de Curitiba e a região de Londrina concentram o maior número de pobres do Estado. Entre os municípios, o maior percentual de pobreza foi verificado em Doutor Ulysses, que possui 43,9% da sua população composta por pessoas que vivem com menos de um quarto do salário mínimo. Além disso, a pobreza também é acentuada nas regiões central, sudoeste, Vale do Ivaí, Vale do Ribeira e Campos Gerais.

O governador Roberto Requião destacou a importância do mapa como auxiliar na elaboração de programas sociais que possibilitem o desenvolvimento dessas regiões. Ele disse também que o trabalho do Iapar complementa o estudo sobre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). “Eles são coincidentes e mostram as dificuldades de crescimento dos municípios por falta de alternativas de emprego e renda”, avaliou.

O pesquisador do Iapar Rafael Fuentes, responsável pelo estudo, afirmou que nos municípios em que o IDH é mais baixo, aumenta o nível de pobreza. “Mas, em municípios como Curitiba, onde o IDH é mais alto, o índice de pobreza também é. A diferença é que nos grandes centros a pobreza está mais concentrada no favelamento e nas outras áreas há a pobreza rural”, explicou.

O estudo revela que 50% das pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza estão concentradas em 48 municípios paranaenses e que em outros 39 municípios, entre 25% e 50% da população vive nessas mesmas condições.

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