Volks ameaça demitir grevistas

O presidente mundial da Volkswagen, Bernd Pischetsrieder, ameaçou demitir todos os empregados que fizerem greve no Brasil. Os funcionários da montadora em Taubaté (SP) estão em estado de greve contra o plano de cortar 3.933 funcionários na unidade e em São Bernardo do Campo (SP). Na sede da montadora na cidade de Wolfsburg, na Alemanha, Pischetsrieder foi questionado sobre o que aconteceria com os funcionários que cruzarem os braços. A resposta foi objetiva: “Qualquer um que entrar em greve será demitido”.Os trabalhadores das unidades de São Bernardo do Campo e de Taubaté rejeitaram a proposta de criação da Autovisão, empresa que realocaria funcionários que deixariam a linha de produção.

A mudança envolve 3.933 funcionários das duas unidades – 2.010 de Taubaté e 1.923 de São Bernardo. Por enfrentar resistência dos empregados, a montadora montou um pacote de benefícios para incentivar a aprovação do acordo. No pacote está, por exemplo, a concessão de 15 salários ao trabalhador que aceitar entrar no programa.

Rejeitada

A proposta da direção da montadora, no entanto, foi rejeitada nas assembléias realizadas nas duas fábricas.

A Volks espera ter resultados melhores no Brasil no ano que vem. O presidente afirma que o mercado de veículos no País apresenta os piores resultados da década. A alternativa para garantir melhores resultados é reestruturar os custos neste ano, com redução do quadro de pessoal.

Estado de greve

Em Taubaté, os funcionários decretaram estado de greve na semana passada. Para esses trabalhadores, a Volks oferece um pacote de demissão voluntária, que inclui o pagamento de 0,4 salário por ano trabalhado, entre outros pontos. Os funcionários terão direito a receber uma bolsa de estudos durante 12 meses – no valor mensal correspondente a 80% do salário líquido, limitado a R$ 1.112.

Os trabalhadores afirmam que têm garantia de emprego até fevereiro de 2004 e que querem evitar a saída de funcionários.

ABC

Na unidade de São Bernardo do Campo, os trabalhadores também rejeitaram a proposta de adotar a Autovisão. Lá, os 14 mil funcionários aprovaram em assembléia que haverá mobilização se for realizada qualquer transferência de trabalhadores.

Cada empregado também poderá sugerir ao sindicato tipos de protestos que poderiam ser realizados caso alguma mudança seja feita sem a aprovação dos trabalhadores. No ABC, a garantia de emprego vai até novembro de 2006.

Para os funcionários da unidade, a Volks oferece o pagamento de até 15 salários adicionais para quem aderir ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) especial. O PDV especial estará aberto de outubro a dezembro.

A Volkswagen do Brasil não se pronunciou sobre o assunto.

Metalúrgicos e Justiçacriticam ameaça

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Antônio Eduardo de Oliveira, o Toninho, disse que os trabalhadores têm direito de fazer greve e possuem garantia de emprego até fevereiro de 2004 na unidade. “A greve é uma ação dos trabalhadores. Votamos pelo estado de greve e se a montadora tentar impor o projeto de forma arbitrária, não vamos ficar quietos”, afirmou.

Para ele, a declaração do presidente mundial da Volks, Bernd Pischetsrieder, mostra que o novo projeto estaria sendo imposto e não garantiria a ocupação para todos aqueles que aderirem à Autovisão.

Justiça do Trabalho

O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Francisco Fausto, também criticou a posição do presidente da Volks. Para o ministro, as declarações são lamentáveis, pois “estamos vivendo momentos difíceis, no que diz respeito à precarização do emprego e até ao desemprego”.

Francisco Fausto disse que soa mal uma ameaça contra um direito constitucionalmente assegurado ao trabalhador.

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