Venezuela vai abrir escritório no Paraná

Os planos de ação e cooperação nos setores de agricultura, pecuária, meio ambiente e software livre que o governo do Paraná vai assinar com a Venezuela – num valor que pode chegar a US$ 300 milhões – envolvem também a instalação de um escritório de representação do país em Curitiba. O escritório vai contar com uma secretária brasileira e outra venezuelana.

O anúncio foi feito pelo secretário especial de Relações Internacionais e Cerimonial, Jacir Bergmann II, responsável pela coordenação entre as instituições governamentais do Paraná e a representação empresarial da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que preparam a recepção ao presidente Hugo Chávez e às equipes técnicas do governo da Venezuela.

A comitiva começa a chegar a Curitiba na segunda-feira (17). Cerca de 40 empresários da Venezuela vão manter durante dois dias rodadas de negócios com pelo menos 40 empresários paranaenses ligados aos setores de maior interesse dos venezuelanos e do Paraná.

?Vale a pena participar das negociações com a Venezuela, seja nos setores institucional ou empresarial?, afirma Jacir Bergmann II. ?O governador Roberto Requião decidiu estreitar a parceria porque estamos lidando com um país que, nos últimos 50 anos, adotou políticas direcionadas à exploração de um recurso natural não renovável, o petróleo, preterindo outras atividades empresariais, agrícolas e minerais.?

Agora – segundo Bergmann -a situação é diferente com a nova política que adota o presidente Hugo Chávez, buscando incentivar a agricultura, a formação de joint-ventures. ?O país tem carência de tecnologia, ao mesmo tempo que tem vontade e recursos para realizar parcerias?, explica.

Planos

O coordenador de Assuntos Internacionais e do Mercosul, Santiago Martin Gallo, destaca que o Paraná preparou cerca de 30 planos de ação que deverão ser assinados com a Venezuela a partir das necessidades que os próprios venezuelanos demonstraram. ?Mas a decisão dos planos a ser executados estará nas mãos do presidente Hugo Chávez e do governador do Paraná.?

Entre as primeiras equipes técnicas venezuelanas que chegam ao Paraná, está a do Bancoex (Banco de Comércio Exterior). Tendo como acionistas o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério das Finanças da Venezuela, o Bancoex foi criado em 1996 dentro dos princípios de integração latino-americana, com um papel estratégico na política internacional e de comércio exterior, garantindo desenvolvimento às atividades produtivas que até agora haviam sido preteridas.

Rodadas de negócios

O programa do ?II Encontro para a Integração Paraná-Venezuela? será desenvolvido na quarta-feira (19), com rodadas de negócios entre as instituições públicas e privadas, no Cietep (Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores da Indústria do Paraná), e na quinta-feira (20) no Palácio Iguaçu.

O Cerimonial prevê que o encontro entre autoridades do Paraná e Venezuela ocorra a partir das 8h45, quando o governador Roberto Requião e o presidente Hugo Chávez anunciam os projetos que serão fechados. Depois do encerramento da cerimônia, será concedida uma entrevista coletiva na Sala de Imprensa do Palácio Iguaçu.

Agricultura, geologia, software

O Paraná vai oferecer assistência técnica e transferência de tecnologia com prioridade para o setor agrícola e da pecuária, direcionado aos estados venezuelanos de Lara, Mérida, Anzóategui, Monagas. Também terão destaque as ações nas áreas de geologia e informática.

A Celepar (Companhia de Informática do Paraná) está propondo a criação de um ambiente para o desenvolvimento cooperado. ?A Celepar vai colocar à disposição da Venezuela os produtos que desenvolve, como o sistema de correio expresso, monitoramento de ações do governo e laboratório para novos aplicativos de software livre?, exemplifica Cláudio Dutra, assessor da diretoria da companhia. Ele informa ainda que, num primeiro momento, será uma transferência de tecnologia de forma solidária.

A Mineropar (Minerais do Paraná) estará oferecendo assistência técnica para o desenvolvimento dos projetos ?Fomento à Indústria de Cerâmica Vermelha de Lara? e ?Geologia Vai à Escola?, em colaboração com o Ingeomin (Instituto Nacional de Geologia e Mineração da Venezuela).

O presidente da Mineropar, Eduardo Salamuni, diz que chama a atenção o programa venezuelano ?Semeando Petróleo?, que pretende levar os benefícios do setor petrolífero a outras áreas produtivas, incluindo a de mineração não petrolífera. ?O presidente Hugo Chávez está trabalhando para recuperar as instituições públicas da Venezuela que, a exemplo de outros países latino-americanos, enfrentou o desmonte do setor público promovido pelas políticas neoliberais. Para a Mineropar, esse trabalho de parceria representa um fortalecimento institucional?, afirma.

O plano de fomento à indústria cerâmica de Lara, estado venezuelano, pretende contribuir para que as pequenas e microempresas da indústria de cerâmica vermelha da região melhorem o índice de desenvolvimento, a participação na sociedade local e a indústria da construção civil, tendo como foco a qualidade habitacional da população que forma o mercado consumidor.

O esforço entre as instituições do Paraná e da Venezuela tem o objetivo de fazer com que a região ocidental venezuelana tenha uma indústria cerâmica forte, que contribua para melhorar o índice de progresso, garantindo as condições necessárias à consolidação de Lara como pólo produtor.

O projeto Geologia na Escola terá a participação do Ministério de Educação da Venezuela, que adotará material didático e paradidático elaborado pela Mineropar para proporcionar apoio às escolas públicas no ensino das ciências da terra. Com um material que fornece a base da informação e conhecimento regional, a expectativa é que melhore a qualidade do ensino e a motivação dos alunos. O geólogo Eduardo Salamuni explica também que este é um programa de trabalho inédito no Paraná e que estará chegando às escolas estaduais nos próximos meses.

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