Rio (AE) – A Varig entregou ontem, um plano de renegociação da dívida de R$ 150 milhões com a Infraero, referentes a taxas aeroportuárias. Parte desse débito poderá ser securitizado por meio de debêntures (papéis de dívida) não conversíveis em ações, lastreadas pela receita da companhia aérea com a venda de passagens.
“Estamos ainda num início de negociações”, afirma o diretor-financeiro da administradora de aeroportos, Adenahuer Figueira Nunes. Outra parte da dívida da Varig com a Infraero, que no total chega a R$ 370 milhões, vai depender de uma negociação em curso entre a Varig e um credor. A Infraero é um dos principais credores da companhia que acumula dívidas US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões) com fornecedores, bancos e arrendadores de aviões, segundo cálculo da própria empresa.
Nunes conta que a partir de amanhã a Varig se comprometeu a pagar diariamente R$ 1,1 milhão para seus aviões poderem voar. Desde o dia 13, a Vasp também paga todos os dias R$ 86 mil para poder operar. Até agora, os pagamentos da empresa de Wagner Canhedo acumulam R$ 1,3 milhão.
A Infraero já tem R$ 220 milhões em papéis de dívida da Varig que estão sendo amortizados regularmente. Na semana passada, por exemplo, esse valor se situava em R$ 227 milhões. Com a negociação, contou Nunes, a estatal está disposta a desistir de entrar na Justiça para cobrar a dívida da Varig.
“A negociação nos satisfaz. É melhor do que ir para a Justiça e não saber quando vamos receber”, diz. O executivo acrescenta que, anteontem à noite, o presidente da Infraero, Carlos Wilson Campos, telefonou para o presidente da Varig, Carlos Luiz Martins, e na conversa Campos teria dito que a “Infraero tem colaborado com todas as companhias até o limite de suas possibilidades, e esse limite é a lei”.
A dívida total das empresas aéreas com a Infraero está em torno de R$ 1,4 bilhão, ou 3,25% de redução desde janeiro do ano passado, quando a administração de Campos assumiu. Até 30 de setembro, a Infraero havia provisionado no seu balanço R$ 445,9 milhões, sendo R$ 243,6 milhões da Vasp, R$ 73,5 milhões da Transbrasil, R$ 36,2 milhões da Varig e R$ 92,6 milhões de outras companhias.