Varig negocia entendimento com a TAP

A Varig e a portuguesa TAP confirmaram a assinatura de um memorando de entendimento com o objetivo de capitalizar a companhia aérea brasileira. A TAP só aceitou participar do processo de recuperação da Varig após a FRB (Fundação Ruben Berta) sinalizar que deixaria o controle da aérea. A fundação possui 87% das ações ordinárias da companhia.

?A decisão de apresentar uma proposta de recuperação da Varig foi tomada na medida em que a Fundação Ruben Berta – que controla a Varig – anunciou a intenção de ceder o controle acionista da empresa?, diz nota divulgada pela TAP.

A empresa portuguesa informa que o processo de negociação iniciado entre as duas companhias permitirá que a TAP participe de até 20% do capital da Varig – esse é, de acordo com a legislação brasileira, o percentual máximo permitido para investimentos estrangeiros em companhias aéreas nacionais.

O administrador-geral da TAP, o brasileiro Fernando Pinto, disse que a decisão de apresentar uma proposta de recuperação da Varig ?abre uma janela de oportunidade para tentar estabelecer uma dimensão estratégica no Atlântico Sul?, que reforçará a aliança já existente entre as duas companhias no âmbito da Star Alliance?.

Em março deste ano, a TAP passou a integrar a Star Alliance, da qual a Varig já faz parte, ao lado de companhias aéreas como a Air Canadá, a Spainair, a americana United e a alemã Lufthansa. Ao todo, a parceria envolve 16 empresas.

Pinto também descartou qualquer projeto de fusão entre as duas companhias aéreas. Segundo ele, as duas empresas deverão ?se manter independentes, embora tirando partido das inúmeras sinergias que podem ser criadas?.

Na nota, a TAP também informa que não foram adiantados detalhes da proposta de recuperação porque existe um acordo de confidencialidade e também pela ?complexidade e delicadeza do processo agora iniciado?.

Como a TAP poderá controlar apenas 20% do capital da Varig, é possível que a Varig também passe a negociar a entrada de novos acionistas em seu capital. Além disso, a aérea precisará buscar soluções para cobrir seu patrimônio líquido negativo de R$ 6,4 bilhões. É possível que a aérea venda parte de seus ativos para reduzir o endividamento.

Acordo

Antes de participar do capital da Varig, é possível que a TAP firme uma parceria operacional com a companhia brasileira. Com isso, a brasileira poderia ganhar fôlego para se manter em operação.

Ao mesmo tempo em que tenta dar andamento a esse entendimento com a TAP, a Varig também busca um alongamento de prazos com os credores brasileiros, principalmente os estatais.

O novo comando da Varig deve voltar a se reunir nesta semana com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar.

Na reunião desta semana, o novo comando já pediu esse alongamento de prazo para os credores estatais.

Greve na infraero não paralisa aeroportos

Funcionários da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) iniciaram ontem uma paralisação de 48 horas nos principais aeroportos do País. Nenhum aeroporto paranaense aderiu à greve. Mesmo assim, o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) acreditava que os vôos de outras regiões do País teriam seus horários atrasados devido a parada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. A assessoria de imprensa da Infraero em Curitiba comunicou que os aeroportos Afonso Pena e Bacacheri operaram normalmente.

Segundo Marco Antônio Pinheiro, diretor da subsede da região Sul do Sina, a intenção do comando de greve era intensificar o movimento no Sudeste e em Brasília, o que afetaria todo o sistema por conseqüência. ?Todos os aeroportos teriam dificuldades de receber ou mandar vôos para estas capitais. O objetivo não é prejudicar os vôos. Queremos pressionar a Infraero pela falta de diálogo?, afirmou. Além da paralisação de aeroportos, 600 trabalhadores foram até a capital federal para protestar. Eles receberam o apoio dos sindicatos dos aeroviários (funcionários que ficam na terra) e dos aeronautas (pilotos e comissários).

O Sina negocia há 2 anos e meio um plano de cargos e salários para os funcionários da Infraero, mas sem sucesso. Outro ponto de descontentamento da categoria está relacionado com o plano de participação nos lucros da empresa. Em 2003 foi decidido que 25% do lucro líquido da Infraero seria repartido entre os funcionários. ?Mas isso mudou de última hora. O governo mudou de idéia e reduziu muito este índice. Se apropriou desse lucro para tapar os buracos pela não cobrança das dívidas da Varig e da Vasp?, contou Pinheiro. Ele explica que os funcionários vão receber R$ 26 de participação nos lucros.

A greve também foi motivada pela intenção do governo em vender ações da empresa estatal no mercado de ações. Já existe um projeto de lei elaborado pelos ministérios da Fazenda e da Defesa que alega a necessidade de injetar R$ 1 bilhão na empresa. A Infraero administra 66 aeroportos, sendo que 15 deles não operam no vermelho.

A Infraero enviou uma nota à empresa comunicando que os 66 aeroportos funcionaram normalmente. Os horários dos vôos nacionais e internacionais não sofreram atrasos. O presidente da empresa, Carlos Wilson Campos, refutou qualquer pretensão de privatização da administradora. Ele informou que a diretoria negocia com o Dest, órgão controlador das empresas estatais, ligado ao Ministério do Planejamento, a implementação do plano de cargos e salários. (Joyce Carvalho)

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