Tropas militares deixam campos de petróleo

As tropas militares que estavam ocupando os campos petrolíferos da Bolívia começaram ontem a se retirar dos locais ocupados. O anúncio foi feito pelo presidente Evo Morales. Os militares ocupavam as refinarias, inclusive as da Petrobras, desde o dia 1.º deste mês, quando foi anunciada a nacionalização das reservas de hidrocarbonetos do país. ?Não podemos seguir com soldados nos poços petrolíferos. Digo que, com certeza amanhã (hoje), vamos retirar as Forças Armadas dos campos petrolíferos?, disse Morales.

O presidente boliviano agradeceu aos militares que participaram das operações de ocupação dos campos de gás natural e petróleo do país. No dia 1.º, os soldados ocuparam também as refinarias e instalações petrolíferas das empresas estrangeiras no país.

No departamento de Santa Cruz, na região central do país, onde ficam as sedes das empresas petrolíferas, cerca de 60 soldados e policiais vigiaram os escritórios da Petrobras e de outras das empresas que atuavam no país, como Repsol Andina e Chaco, para evitar que fossem retirados documentos dos arquivos.

Crise

A medida adotada por Morales causou mal-estar entre Brasil e Bolívia. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, chegou a afirmar logo após a nacionalização, que a empresa não iria mais investir na Bolívia.

No último sábado (27), Morales anunciou que a Venezuela irá enviar US$ 2 bilhões de ajuda econômica à Bolívia e que tal ajuda não significa ingerência na política do país – acusação que vem dos partidos de oposição na Bolívia.

Pelo decreto do dia 1.º, as empresas que operam no setor de petróleo e gás natural no país terão 180 dias – a contar do anúncio da nacionalização – para se adequar às novas regras do setor de hidrocarbonetos na Bolívia, entre elas a tomada do controle das reservas e a entrega da produção das petrolíferas à estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), que será reestruturada e irá definir condições, volumes e preços para comercialização.

Petrobras

Os investimentos da Petrobras para aumentar a produção de gás natural no País não devem prejudicar a atuação da empresa no exterior. Ontem, em um seminário sobre multinacionais, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que os recursos para a produção de gás no Brasil, principalmente no Espírito Santo, virão do saldo de caixa da empresa.

?Nós temos uma geração de R$ 22 bilhões em caixa?, informou Gabrielli. Segundo ele, a aceleração da produção de gás não implicará em redução dos investimentos da ordem de US$ 7,1 bilhões que a empresa pretende fazer nos mercados externos. Entre os pólos de investimento previstos estão América Latina, Estados Unidos e países da África Ocidental.

O plano estratégico da Petrobras para os próximos quatro anos está sendo revisto em função de várias questões, além das alterações de cenário causadas pela nacionalização do gás natural pela Bolívia. Até o mês de agosto, estarão sob análise os mais de 500 projetos da empresa.

Para o presidente da Petrobras, o episódio envolvendo a Bolívia é um dos exemplos dos riscos da atuação internacional. Novos desafios seriam resultado do crescimento das empresas. ?Faz parte do negócio do petróleo se investir em áreas que têm alto risco, infelizmente não há petróleo em regiões de baixo risco?, afirmou Gabrielli.

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