Transporte quer PAC fora do papel

O Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), lançado pelo governo federal no dia 22 de janeiro, precisa ?sair do papel.? A questão é consenso entre especialistas que estiveram reunidos ontem no workshop ?Os caminhos do crescimento?, que reuniu representantes do setor logístico em Curitiba para discutir os impactos do PAC na área de infra-estrutura.

?Queremos acreditar no PAC?, desabafou o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar), Luiz Anselmo Trombini. Para ele, o governo federal precisa fazer a sua parte, criando uma legislação transparente, para que a iniciativa passe a investir. Conforme proposta do PAC, dos R$ 504 bilhões de investimentos entre 2007 e 2010, aproximadamente R$ 450 bilhões deverão vir da iniciativa privada. ?As empresas estão dispostas a investir, desde que haja uma legislação transparente, com agências reguladoras?, afirmou.

Para Trombini, o Brasil só não está enfrentando um ?apagão logístico? porque vem crescendo a taxas muito baixas. ?Se crescesse a taxas de outros países emergentes, como a China e a Índia, o País já estaria enfrentando um ?apagão logístico?, apontou.

O presidente da Associação Brasileira dos Transportadores de Carga (ABTC) e vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Newton Gibson, lembrou que a infra-estrutura brasileira como um todo está precária. ?Precisamos de portos que tenham capacidade para receber navios de grandes calados e sermos mais competitivos; nas ferrovias, um grande problema são as margens invadidas; nos aeroportos, é preciso capacitar, qualificar os funcionários?, enumerou.

Para Gibson, o governo federal não pode desperdiçar o momento de promover o crescimento do País. ?A economia brasileira está estabilizada, com o salário mínimo correspondendo a 190 dólares, bons números da exportação, inflação controlada. A oportunidade para desenvolver o País é esta?, apontou.

Baixo investimento

Para o Ph.D. em administração pública, Belmiro Valverde Jobim Castor, o PAC traz pontos positivos – como a participação da iniciativa privada nos investimentos – e negativos. ?A gente não pode imaginar que, por um passe de mágica, tudo estará resolvido. Há investimentos no setor viário, setor energético, por exemplo, que podem ser barrados por órgãos do meio ambiente?, apontou. ?Se o governo quer que o PAC funcione, ele tem que agilizar e uniformizar os processos?, comentou. Valverde destacou ainda que o investimento federal é muito baixo. ?Do orçamento de R$ 750 bilhões para este ano, apenas 3% (R$ 22 bi) são para investimento?, arrematou. 

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