Transportadores de valores mantêm greve

Não houve progresso nas negociações entre vigilantes do transporte de valores e empresas. Hoje, não só a greve continua, por tempo indeterminado, como terá aliados: os bancários. "A greve continua e ficará mais forte. Agora que o Sindicato dos Bancários resolveu fechar as agências, o caos vai ser total", afirma o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Transporte de Valores (Sindivigilantes), João Soares.

Os mil vigilantes hoje parados em Curitiba e Região Metropolitana, são responsáveis pela movimentação diária – entrega e coleta – de cerca de R$ 200 milhões. O fato desse dinheiro não estar circulando desde a última quinta-feira é o que motivou os bancários a agirem. "Não entraremos em greve. Estaremos fazendo um protesto por falta de segurança nos bancos. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) acha que a greve não nos diz respeito, mas se um bancário morre em um assalto dentro do banco é nosso negócio, sim", explica a presidente do Sindicato dos Bancários, Marisa Stédile.

O principal alvo dos protesto dos funcionários serão as agências do Unibanco, por não apresentarem portas de segurança, com detector de metal. Durante a manifestação, já a partir de hoje e sem data final determinada, algumas agências serão fechadas. "O nosso objetivo é fazer com que os bancos se preocupem com essa questão da greve dos vigilantes e tome alguma providência", conta Marisa Stédile.

Tentativas

As empresas tentaram conter pelo menos os piquetes, mas não adiantou. Segundo o presidente do Sindivigilantes, na última sexta-feira, durante uma audiência com o sindicato patronal, junto à Delegacia Regional do Trabalho (DRT), a categoria recebeu notificações da Vara Cível para que fossem retirados os grevistas da frente das quatro empresas, mas as liminares foram cassadas pelo Tribunal de Justiça, que permitiu a continuidade dos piquetes. "Eles estão tentando as medidas judiciais, mas não sei se vai resolver. Os trabalhadores estão revoltados. O radicalismo das empresas não leva a nada", conta João Soares.

Segundo os vigilantes, até agora não houve qualquer contra-proposta das empresas, o que faz com que os grevistas não tenham previsão de voltar à função, além de prejudicar a população, que já não encontra dinheiro nos caixas eletrônicos. "Todos os caixas eletrônicos estão sem dinheiro. Eles não foram abastecidos", explica o presidente da categoria.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Valores passou todo o dia de ontem em reunião, para tentar buscar uma solução. Mas, como o próprio presidente, Gerson Benedito Pires, afirmou, "está muito difícil encontrar uma saída".

Caixas eletrônicos

A falta de dinheiro atinge, principalmente, caixas eletrônicos isolados, ou seja, de shoppings, supermercados e outros locais alternativos. Nas principais agências, por conta da entrada de dinheiro, via clientes, ainda é possível procurar o auto-atendimento. Porém, a Caixa Econômica Federal confirmou o problema ontem nas agências da Praça Carlos Gomes e na Zacarias. O banco sugere que os clientes se dirijam às casas lotéricas para retirar valores. As demais agências não confirmaram problemas com os caixas eletrônicos. (Nájia Furlan, especial para O Estado)

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