Construção

Tijolos fora de padrão rendem autuações

Comprar tijolos de diferentes fornecedores pode resultar em uma bela dor de cabeça para o construtor. É que, em operação para verificar irregularidades em materiais de construção, técnicos do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Paraná (Ipem-PR) detectaram uma grande incidência de tijolos com medidas fora dos padrões, que levaram a 125 autuações.

O problema pode resultar em aumento nos gastos das construções, já que eventuais correções nos desníveis das paredes acabam sendo feitas na hora do reboco, cujo custo é maior.

De acordo com o gerente de Pré-medidos do Ipem-PR, Sergio Camargo, o número de autuações é significativamente maior que no ano passado. Em 2008, foram apenas 60. Ele explica que boa parte do problema se deve ao fato da maioria dos fornecedores fabricar os produtos de forma artesanal.

“Isso não quer dizer que entre grandes fabricantes não encontramos irregularidades”, alerta. Para ele, muitas irregularidades decorrem de falhas no processo de queima, que não difere muito de acordo com o tamanho da olaria.

Conforme o relatório do Ipem-PR, foram realizadas medições em 848 itens nos locais de revenda, e 163 em laboratórios do órgão. Como resultado, foram lavrados 91 autos de infração porque os produtos não tinham as medidas indicadas neles próprios, e 34 porque foram encontrados itens fora dos padrões determinados pelo Inmetro, ou que não apresentavam nenhuma indicação de suas dimensões.

Segundo Camargo, às vezes as diferenças de medidas ocorrem até em amostras do mesmo fabricante. Ele explica que, para uma irregularidade ser constatada, mais de duas amostras, em um total de 13, devem apresentar diferenças acima da tolerância, que é de 0,3 centímetros, para a média das amostras, e 0,5 centímetros, para cada amostra, para mais ou para menos.

As regras para as medidas foram estabelecidas pela portaria 127/2005, do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A operação do Ipem-PR foi realizada em Curitiba e Região Metropolitana, Maringá, Londrina, Cascavel e Guarapuava.

Os trabalhos começaram em outubro e terminaram em novembro. Cerca de 80 estabelecimentos comerciais e olarias foram fiscalizados. Camargo conta que operações no setor de construção são feitas anualmente, em todo o País, por determinação do Inmetro. “Existe um alto índice de irregularidades [no setor]”, afirma.

O gerente do Ipem-PR afirma, ainda, que outros aspectos dos tijolos, como a resistência das peças, também foram testados, mas as amostras foram aprovadas.

Outros tipos de materiais, como cimento, cal, argamassa, rejuntes, areia empacotada, pregos, pisos cerâmicos e azulejos, também foram verificados, mas o órgão afirma que encontrou poucos problemas. O motivo é o processo de fabricação dos itens, mais industrializado.

As empresas autuadas por irregularidades terão, agora, prazo de 10 dias para apresentarem defesa prévia ao Ipem-PR. As penalidades podem ir de simples advertências até multas que podem chegar a R$ 1,5 milhão o valor leva em conta fatores como a gravidade do problema, a quantidade de unidades irregulares encontradas, a reincidência e o porte da empresa.

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