Tecnologia a serviço da produção rural

Os organizadores da 12.ª edição da Expotécnica que será realizada nos dias 4 e 5 de agosto, no Sítio São José, município de Sabáudia, Norte do Paraná esperam uma participação de mais de cinco mil pessoas no evento, que reúne cerca de 120 expositores com mais de 200 profissionais que farão o atendimento técnico monitorado do público visitante.

Durante os dois dias do evento, os participantes poderão participar de dinâmicas de campo e acompanhar a evolução tecnológica em equipamentos, máquinas e implementos agrícolas. A solenidade de abertura, prevista para 10h do dia 4, contará com a presença do governador Roberto Requião, do vice-governador e secretário da Agricultura Orlando Pessuti, do secretário do Meio Ambiente Luiz Eduardo Cheida, entre outras autoridades.

Segundo o zootecnista Carlos Eduardo Vercesi, gerente regional da Emater de Apucarana, a expectativa é superar as edições anteriores. No local está montada uma verdadeira universidade rural a céu aberto. ?O visitante interessado em conhecimento prático, negócio e tecnologia avançada, terá na Expotécnica essa oportunidade?, afirma.

Pelo menos dezoito novas empresas estarão participando do evento, apresentando novidades em máquinas e equipamentos para a agricultura familiar. Na área de leite, a novidade é a alimentação animal. O público conhecerá e degustará o puro café arábica do Programa Café Qualidade Paraná e acompanhará as práticas de beneficiamento.

Haverá, ainda, a exposição de mudas de árvores recomendadas para a produção de madeira e práticas de tratamento de palanques. Na estufa de hortaliças, estão as espécies recomendadas para a região Norte, além da produção no sistema orgânico. A fruticultura apresenta novas variedades de banana e morango.

Para fundamentar a importância do manejo dos solos, já que o município é exemplo na adoção do plantio direto, com 100% da área cultivada decorrente da própria Expotécnica, desde a sua primeira edição em 1994, a vitrine tecnológica apresenta o simulador de chuva e seus efeitos em solos cobertos e descobertos; o caminhão demonstração dos principais sistemas de irrigação, do gotejamento a aspersão, e, trincheira de observação do perfil do solo e das práticas de recuperação e manutenção da fertilidade.

Avançando também na proposta de cultivos de inverno, serão apresentadas espécies alternativas de cobertura de solo, como componente tecnológico do sistema de rotação de culturas, para compor e alternar as áreas de trigo, como nabo forrageiro, aveias, tremoço, ervilha e ervilhaca. No manejo das doenças do trigo o foco é voltado ao monitoramento das aplicações de fungicidas, dando prioridade na qualidade das aplicações, baseadas nas orientações da Campanha Acerte o Alvo e Projeto Grãos.

O projeto Biodiesel – Paraná ganha destaque na Expotécnica, pela apresentação das principais culturas como girassol, mamona e nabo, e também contemplar a demonstração de máquinas e equipamentos que entrarão na dinâmica de campo, onde todos os tratores serão movidos com esse combustível.

Indústria de defensivos vai crescer menos

São Paulo (AE) – Assim como o segmento químico de fertilizantes, o de defensivos agrícolas no primeiro semestre deixou muito a desejar. O fraco desempenho levou o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), José Roberto Da Ros, a rever o crescimento anual estimado entre 7% e 8%, para um recuo de 3,6% na receita em relação aos US$ 4,4 bilhões realizados em 2004.

Da Ros explica que a projeção sobre a queda da receita leva em conta um consumo de defensivos igual ao de 2004. Porém, como os agricultores iniciaram 2005 muito estocados, neste ano deixarão de adquirir entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões em defensivos. ?O primeiro semestre deste ano foi pior que o de 2004, porque, além do fraco desempenho da agricultura, os agricultores usaram estoques que sobraram de 2004?, ressalta.

Além disso, o Ministério da Agricultura vem sinalizando que a área cultivada de soja tende a diminuir. A cultura é responsável por 50% da demanda por defensivos no País. Se por um lado a quebra da safra no Sul reduziu o crédito dos agricultores por outro as boas safras argentina e norte-americana contribuem para aumentar a oferta de soja no mercado mundial, o que poderá levar à queda da cotação da commodity.

Ou seja, diante da descapitalização causada pela safra anterior e a expectativa de queda das cotações, os investimentos em tecnologia para defesa contra pragas, ervas daninhas, fungos e outros males que atacam as lavouras poderão ser reduzidos. ?As aplicações de recursos são reduzidas e usa-se mais produtos genéricos?, assinala Da Ros.

Os genéricos, produtos cujas patentes venceram, representam 48% das vendas em valor, e são fabricados pelas mesmas indústrias de produtos de inovação, que respondem pelos demais 52% da receita.

Além da queda dos investimentos na lavoura, há ainda a ameaça dos produtos contrabandeados, 50% mais baratos do que os legais, cujos preços embutem impostos de 48%. A cesta de defensivos legais representa 14% do custo total do cultivo – portanto, se o agricultor conseguisse contrabandear todos os defensivos, seu custo cairia para 7% do total.

Segundo estimativas do Sindag, porém, os defensivos contrabandeados chegam a até 3,5 pontos percentuais do investimento de 14% sobre o custo total. Ou seja, a aplicação de recursos na compra de defensivos cairia para 10,5% sobre o total investido no cultivo. ?Por isso, se o agricultor pensar bem, verá que não vale a pena se arriscar por tão pouco: pode ser indiciado por crime ambiental, entre outros, e ainda perder produtividade na lavoura?, considera Da Ros.

No ano passado, os produtos contrabandeados somaram no mínimo US$ 200 milhões, ante US$ 100 milhões em 2003, indica a entidade. ?Neste ano, devido ao cenário de quebra de safra e redução do crédito, a entrada de defensivos contrabandeados tende a aumentar?, avalia o vice-presidente do Sindag.

Um dos defensivos mais contrabandeados é um tipo de herbicida pós-emergente seletivo, que extermina as ervas daninhas sem matar os pés de soja. ?Na safra passada (2004/2005) mais de 100 mil hectares foram queimados devido ao uso do herbicida contrabandeado?, conta o vice-presidente do Sindag.

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