Taxa de câmbio não é sustentável, avalia diretor do BC

O Banco Central (BC) está apostando tudo numa recuperação da taxa de câmbio real. Segundo o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, ?os produtos brasileiros estão muito baratos e isso não é sustentável?. Por isso, ele acredita que o cenário da economia, especialmente no ano que vem, poderá ser melhor do que as projeções feitas atualmente. ?Não acreditamos que a taxa de câmbio vai ficar no nível atual nos próximos anos?, afirmou. ?Países do porte do Brasil não tendem a ter preços de produtos e serviços tão baratos.?

Um dos fatores que vêm ajudando a pressionar a cotação do dólar é a remessa por meio de conta de não-residentes, as chamadas CC5. Entre janeiro e agosto, essas remessas somaram US$ 5,2 bilhões. Desse total, US$ 3 bilhões foram mandados para o exterior sem nenhum motivo específico. Outros US$ 2,2 bilhões foram enviados por conta de investimentos e empréstimos no exterior. Mas, na avaliação do diretor, isso não representa uma fuga de recursos do País.

?Mais de 99% das operações são de empresas que têm algum tipo de relacionamento com outras empresas estrangeiras?, afirmou. ?As remessas de pessoas físicas somam cerca de US$ 1 bilhão, o que está dentro da média histórica.? Apesar disso, ele admitiu que os dados não dão 100% de garantia de que há uma fuga do Brasil.

Os dados da conta capital e financeira do balanço de pagamento reforçam a tese de total aversão ao País. Em agosto, registrou-se uma saída líquida de US$ 1,5 bilhão nessa conta, que, além das remessas via CC5, contabiliza também os empréstimos e financiamentos e investimentos estrangeiros diretos. ?Não há dúvida de que, ao mesmo tempo em que temos um ajuste nas transações correntes, há uma redução importante na conta capital. Mas achamos que essa redução é temporária?, avaliou. Segundo ele, à medida que a economia se recuperar, os investimentos diretos deverão voltar para o País. ?Não digo que teremos investimentos por volta de US$ 30 bilhões como ocorreu no passado, mas também não quer dizer que não possamos ter US$ 20 bilhões?, afirmou.

Já com relação à queda de US$ 9 bilhões que deverá ocorrer no déficit em transações correntes este ano, comparativamente aos US$ 23 bilhões registrados no ano passado, ele afirma que é um ajuste estrutural, e não apenas retrato da conjuntura.?Esse ajuste vem se dando em grande parte pela queda nas importações. Mas isso não está ocorrendo porque a economia está fraca e, sim, por uma mudança importante que as empresas fizeram, substituindo produtos importados?, afirmou.

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