Tarifas públicas vão ficar abaixo da inflação

Os preços administrados por contrato e monitorados devem encerrar o ano com alta de 4,50% em Curitiba, conforme estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR). Até novembro, quando a cesta de tarifas públicas registrou aumento de 1,05%, o acumulado era de 4,20% – abaixo da inflação medida pelo IPCA. No ano passado, os preços administrados em Curitiba fecharam com alta de 13,68%, por conta sobretudo da energia elétrica que sofreu dois aumentos, depois de um ano sem reajuste. Os dados foram divulgados ontem pelo Dieese-PR, em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).

Em novembro, a gasolina foi o item que mais pressionou a cesta de tarifas, com aumento de 4,30%. Também tiveram aumento o gás de cozinha (0,85%) e o transporte coletivo (0,67%), por conta da tarifa domingueira. O preço do álcool combustível também subiu (1,80%), mas o item não entra na contabilização dos preços administrados. Em novembro, o custo médio dos serviços públicos para uma família foi de R$ 484,62.

Tomando como base a primeira semana de dezembro, os preços administrados este mês devem ficar praticamente estáveis (0,09%). Foi verificado o aumento de 8,16% no pedágio (Ecovia), de 2,39% no gás de cozinha e de 0,20% no transporte coletivo. Por outro lado, a gasolina registrou queda de 2,12%. ?Possivelmente no mês o preço da gasolina caia menos ou até reverta, registrando aumento?, apontou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR.

Em novembro, o litro da gasolina em Curitiba custou em média R$ 2,45, contra R$ 2,35 em outubro. Para Silva, o aumento de preço se deve à maior margem de lucro dos donos de postos, que teria passado de 9% a 10%, em média, para 13,90%. Entre as 16 capitais pesquisadas, Curitiba apresentou a quarta maior alta no mês. Apesar disso, está na sexta posição entre as capitais com menor preço. Já no ano, Curitiba acumula o maior aumento no preço da gasolina (13,64%). Em dezembro do ano passado, o litro era vendido a R$ 2,156. O preço do álcool combustível também vem numa crescente. Em novembro, Curitiba apresentou o sexto maior aumento e, no ano, o álcool subiu 3,45%.

Alta de 342,25%

Desde o início do Plano Real, em julho de 94, a cesta de tarifas públicas já acumula aumento de 342,25%, bem acima da inflação, independente do índice utilizado – no caso do IPCA, o aumento foi de 194,66% e do IGP-DI, 260,32%. Entre os itens que mais pesaram no bolso, destaque para a assinatura do telefone fixo mais 250 pulsos. Em 94, o serviço custava R$ 8,11, enquanto em novembro último, R$ 79,63. A tarifa mínima de água e esgoto (10 metros cúbicos) pulou de R$ 8,91 para R$ 30,25. No caso dos combustíveis, o diesel registrou a maior alta (453,31%), passando de R$ 0,332 o litro para R$ 1,837. No caso da gasolina, a alta foi de 344,90%, com o litro passando de R$ 0,539 para R$ 2,398. Já o preço do álcool subiu 240,14% – o litro era vendido a R$ 0,426 em julho de 94 e passou para R$ 1,449 no mês passado. No mesmo período, o salário mínimo subiu 363,03%, passando de R$ 64,79 para R$ 300,00.

Entidades pedem a correção urgente da tabela do IR

Nove entidades, entre elas a CUT-PR, Dieese-PR, Unafisco, Senge-PR e outras, irão apresentar na Assembléia Legislativa do Paraná, na próxima segunda-feira, uma carta aberta pedindo a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). A idéia é levar o documento também a Brasília.

Conforme levantamento realizado pelas entidades, desde 96 a tabela do IR só foi reajustada duas vezes: em 17,50% em 2002 e em 10% este ano. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou aumento de 56,57%.

Além disso, em 95, o limite de isenção do imposto de renda equivalia a 10,48 salários mínimos. Hoje, os trabalhadores com renda acima de 3,88 salários mínimos foram transformados em contribuintes da Receita Federal.

As entidades alegam ainda que o princípio constitucional da progressividade encontra-se ?totalmente deturpado?. É que, de 1983 a 1985, havia 13 classes de renda com alíquotas variando entre 5% e 60%. A partir de 97, só ficaram duas alíquotas, a mínima de 15% e a máxima de 27,5%.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, um trabalhador que recebia remuneração de R$ 1 mil em dezembro de 94 estaria recebendo em outubro deste ano R$ 2.473,00, conforme o reajuste pelo INPC. No entanto, com a tabela do IRPF defasado, ele está perdendo 7,35%, ou R$ 160,77 por mês, o que equivale a R$ 2.090,00 ao final de um ano, incluído o 13.º salário.

Conforme a tabela atual, estão isentos do imposto de renda trabalhadores cujo salário seja menor que R$ 1.164,00. Entre R$ 1.164,01 e R$ 2.326,00 a alíquota é de 15% e, acima desse valor, de 27,5%.

Caso o IPCA no período fosse considerado – 55,08% entre janeiro de 96 e setembro de 2005- , estaria isento do imposto de renda quem recebe R$ 1.805,13. Entre R$ 1.805,13 e R$ 3.607,16, a alíquota seria de 15% e só acima desse valor, de 27,5%. (LS)

Voltar ao topo