Subsídios franceses são ?políticos?, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a resistência da França em reduzir os subsídios agrícolas que travam há anos as negociações comerciais na OMC (Organização Mundial de Comércio). Para Lula, a França não cede por ?motivos políticos?, e não econômicos. ?É que os agricultores franceses têm muito peso na época da eleição e, aí, muita gente tem medo de mexer com isso na época de eleição?, afirmou o presidente durante a 3.ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília.

Em dezembro acontece reunião ministerial da OMC para tentar concluir a Rodada Doha de liberalização do comércio global. Para destravar as complicadas negociações, os Estados Unidos ofereceram redução de seus subsídios agrícolas em cerca de 60%.

Já a União Européia propôs um corte médio de 46% nas tarifas agrícolas. Em contrapartida, o Brasil aceita cortar em 50% suas tarifas industriais.

O Itamaraty elogiou a iniciativa dos EUA – mesmo considerando-a ?insuficiente?. Por outro lado, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) criticou a União Européia, que não se manifestou sobre a proposta brasileira e não ofereceu a redução de subsídios agrícolas esperada pelos demais países.

O principal foco de resistência dentro da União Européia é a França, que ameaça vetar até mesmo a proposta apresentada pelo bloco de reduzir as tarifas em 46%.

?A França tem muita dificuldade de tomar uma decisão favorável. Mesmo a flexibilização dos Estados Unidos, a França não acompanha porque, na verdade, o problema não é mais econômico, o problema é político?, disse Lula.

O presidente também disse que posições como a da França dificultam a melhoria das condições de vida nos países mais pobres. ?Sem isso, nós vamos continuar sem permitir que os países mais pobres possam dar um salto de qualidade num comércio mundial mais igual, mais justo, e que permita que os países, sobretudo os africanos, consigam sair do estado de pobreza a que foram submetidos nesses últimos 400 anos.?

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