Soja deve desacelerar menos próximos IGPs, diz a FGV

A soja exerceu a principal influência para a desaceleração nos preços do atacado em outubro, mas essa tendência deve se dissipar ao longo das próximas semanas, afirmou nesta quinta-feira, 16, o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ao mesmo tempo, os preços das carnes bovinas, que começam a perder fôlego, devem garantir certo alívio à inflação no período.

Em outubro, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,02%, após alta de 0,31%. A soja recuou 5,04%, diante de boas notícias adicionais a respeito da safra nos Estados Unidos. “Mas acho que o estoque de boas notícias já está no fim. Chegou o fim da colheita, então não estou considerando que a soja continuará exercendo essa influência de forma completa”, disse Quadros. O especialista não espera, contudo, que os preços do grão voltem a subir.

Além disso, após uma corrida para recompor margens de lucro e aproveitar a janela de exportações, a carne bovina no frigorífico dá sinais de que a oportunidade chegou ao fim. O item desacelerou de 7,23% para 0,95% em outubro. A carne suína e as aves, contudo, seguem ganhando força, mas o movimento não deve ter longa duração. “A tendência é que elas moderem um pouco, principalmente a carne bovina. A boa notícia é que isso antecipa uma possível moderação no IPC”, disse Quadros.

No varejo, metade da aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que passou de 0,26% para 0,48%, se deveu aos alimentos – entre eles, a carne bovina (1,35% para 2,02%). “Como a carne bovina no frigorífico já está começando a desacelerar, pode ter mais um mês de alta, mas depois perder força”, citou o superintendente.

Além disso, as hortaliças e legumes caíram menos, o que contribuiu para a aceleração do índice geral do varejo. Segundo a FGV, o tomate foi um dos que pararam de ficar mais baratos. Por outro lado, derivados do trigo baixaram de preço, como biscoitos e o já bastante familiar pão francês.

Para as próximas leituras dos IGPs, Quadros espera um cenário de estabilidade. “A soja pode acelerar, mas não vai disparar. A parte agrícola deve sair do negativo, mas sem grandes altas. A tendência é de números baixos e, se houver deflação, será temporária”, explicou.

No atacado, quem deve seguir em tendência negativa são os materiais e componentes para a manufatura, que tiveram queda de 0,62%, e os produtos químicos, com recuo de 0,14%. Segundo o superintendente, esses itens têm sido influenciados pelo fraco ritmo de recuperação na economia global. “O comportamento do câmbio pode contrapor isso. Tem havido muita volatilidade, mas é possível que o dólar esteja ficando permanentemente mais desvalorizado”, disse.

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