Setor de comércio tem mostrado maior resistência diante da crise

O setor de comércio e serviços é o que mostra, até o momento, maior resistência diante do cenário internacional adverso, na avaliação do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Mário Mesquita.

Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (26) pelo BC, a projeção para o crescimento do setor de serviços (que inclui comércio, transporte, intermediação financeira, serviços de informação, entre outros) neste ano foi revisada de 1,7% para 2,1%.

No caso do setor industrial, a previsão é de queda de 2,2%, contra o crescimento de 0,1% estimado no relatório de março. No caso da agropecuária, a estimativa de retração passou de 0,1% para 0,8%.

“Revisamos o setor de serviços que tem um peso maior no PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país]”, disse o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita.

Segundo ele, a resistência observada até agora no setor de serviços diante dos efeitos da crise financeira internacional foi um dos fundamentos para a previsão de crescimento de 0,8% do PIB neste ano. Anteriormente, essa estimativa era de 1,2%.

“A nossa projeção de crescimento (do PIB) é o melhor número a que os nossos técnicos chegaram. Revisamos para baixo essa projeção em função dos dados já existentes sobre a atividade econômica neste ano. Vamos ver no decorrer dos próximos trimestres como se comporta a economia e se vai ser necessário rever essa projeção”, disse Mesquita.

Segundo o diretor, há especialistas que já esperam recuperação da economia no segundo trimestre. “Há vários indicadores que sugerem que a economia brasileira tenha atingido o piso da atividade econômica na virada do ano, tendo entrado depois em uma trajetória gradual de recuperação.”

O diretor acrescentou que o cenário externo agora está melhor do que estava à época do Relatório de Inflação divulgado em março. “Resta saber se o ritmo de recuperação da economia mundial irá ajudar ou prejudicar a recuperação da economia brasileira.”

Sobre as alterações nas projeções de inflação, Mesquita afirmou que refletem tanto o comportamento da inflação neste ano como as expectativas para os índices de preços e a ociosidade da economia.