Setor automotivo repudia aumento da carga tributária

O possível aumento da alíquota de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) que incide sobre os veículos, dos atuais 12% para 17% – o que elevaria a carga tributária do setor de 30% para 36,77% -, deu a tônica da cerimônia de abertura do XVIII Congresso Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), ontem, em Curitiba. O evento, considerado o segundo maior da distribuição automotiva no mundo, reúne cerca de 3 mil concessionários de veículos de todo o País.

“Queremos seriedade e estabilidade na regra do jogo. É muito dinheiro envolvido, muito esforço de vida, e mudar as regras da noite para o dia não é bom para ninguém”, disse em discurso emocionado o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.

O aumento da carga tributária, afirmou, vai significar menos carros vendidos e arrecadação menor por parte dos estados. O possível aumento deve ser repassado ao preço final dos veículos.

Schneider lembrou que o setor passa por um “momento especial”, com a projeção de encerrar o ano com 3 milhões de unidades vendidas. “Nos últimos cinco anos e meio, o mercado cresceu 107%. É um crescimento muito forte”, destacou.

Seguindo o mesmo tom emocionado, o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, conclamou os participantes do congresso que lotavam o auditório do Teatro Positivo a se unir contra a possível elevação da carga tributária.

“É impensável a volta ao que era antes. Conclamo empresários dos diversos estados aqui presentes para que se movimentem junto a lideranças políticas para que essa besteira, essa bobagem, que é a volta do ICMS aos patamares de antes do acordo feito em 93, não seja aprovada”, disse Reze, arrancando aplausos. “Honramos a nossa parte, trabalhamos para que o PIS e o Cofins fossem monofásicos, trabalhamos em conjunto com a Anfavea e o Sindipeças. Não podemos aceitar a mudança de regras.”

O possível aumento do ICMS que incide sobre veículos está sendo discutido pelo Conselho de Política Fazendária (Confaz), que reúne secretários estaduais de Fazenda.

Reze disse ainda que as concessionárias devem olhar para o caixa com mais atenção. “Com esse novo mercado, novo consumidor, somos obrigados a conceder descontos, fazer promoções, feirões, que acabamos comprometendo a nossa margem de lucro. É preciso cautela, olhar para o caixa, cortar custos, estabelecer metas e alcançá-las”, disse. Segundo Reze, as mais de trinta palestras que acontecem durante o evento têm justamente o objetivo de “ampliar os horizontes” de quem está no setor.