Resultado do varejo em janeiro é o pior desde 2003, segundo o IBGE

A alta de 0,6% nas vendas do comércio varejista em janeiro de 2015, em relação a janeiro do ano anterior, foi o pior resultado do varejo para o mês desde 2003, quando o volume vendido recuou 4,5%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 13. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, a queda de 4,9% no período foi o pior desempenho para o mês de janeiro em toda a série histórica, iniciada em 2001.

“Mesmo com alguns setores sendo beneficiados pelas promoções após o Natal, a gente tem (o resultado de) janeiro comparado com igual período de outros anos num patamar bem abaixo”, ressaltou Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

A conjuntura econômica permanece menos favorável ao consumo, com as concessões de crédito crescendo menos, o rendimento do trabalhador apresentando ganhos menores e as famílias com baixas expectativas e suas rendas comprometidas, enumerou a pesquisadora. Os veículos, com queda de 16,6% nas vendas, e material de construção, com recuo de 2,8%, estão entre os setores mais impactados.

No caso de automóveis, houve ainda elevação na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vinha reduzida como parte da política de incentivos do governo ao consumo. “A massa salarial está crescendo menos, a renda está mais comprometida, o crédito crescendo menos. O setor de veículos está sendo bem impactado”, acrescentou Juliana.

Em material de construção, a manutenção da política do governo de redução de tributos não surte mais os efeitos vistos anteriormente. “Apesar dos incentivos que o governo ainda mantém, as famílias estão receosas em investir em material de construção. E tem também no atacado, as empresas não estão investindo (em construção)”, lembrou a gerente do IBGE.

Segundo Juliana, a pesquisa de comércio ainda não mostra impacto da valorização do dólar ante o real. Além de ser difícil separar produtos importados de nacionais dentro do varejo, a pesquisadora argumenta que é preciso esperar para ver se os comerciantes terão capacidade de repassar aos consumidores os aumentos de custos decorrentes da alta da moeda americana.

“O comércio é muito sensível ao contexto econômico. Precisamos aguardar os resultados para saber (se haverá impacto do dólar)”, disse Juliana. “Tem que ver como o comerciante vai reagir ao aumento do dólar, se vai repassar ao consumidor ou não. Pode retrair ainda mais a demanda”, disse.

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